15.5.13
e continuando com a Ofélia...
...de quem já tinha falado aqui e aqui.
...e que também aparece no final do vídeo da 2013 dos Primal Scream.
7.3.13
back to basics.
Houve uns tempos em que eu passava algumas horas por dia na internet a pesquisar coisas. Dependendo do meu interesse naquela semana tanto podia ser música, fotografia, cinema, arte em geral ou arquitectura. Não passava muito disto. E blogues que andassem à volta destes temas. No início tinha uma lista de páginas pessoais que visitava todos os dias, a pouco e pouco fui passando para a páginas temáticas, por assim dizer...espécie de diários de um assunto, os jornais de quem prefere que a parte da "cultura" ocupe 99% de uma publicação diária. E utilizava o blogue como página de armazenamento de todas essas descobertas, quer com publicações específicas dedicadas às "descobertas", quer com um lugar na parte dos links no fundo da página.
Isso era quanto passava uma/duas horas por dia na net. E quando não existia Facebook.
Hoje passo a maior parte do dia na internet (porque trabalho a sério nem vê-lo e quando tento trabalhar em algum projecto pessoal aqui no escritório cai o Carmo e a Trindade, embora já tenha sido bem sucedida em duas ou três alturas) e basicamente só vejo merda. Longe vão os tempos em que pesquisava coisas interessantes, que me enriqueciam a cabeça e que me safavam em muitas conversas. Culpo muito o Facebook, ou pelo menos a ilusão que nos dá de que toda a informação que interessa aparece no feed (sim, porque o chat já o desliguei à muito tempo, isso de passar o dia em conversas de chacha com os amigos é um bocado adolescente do mIRC).
Mas hoje, o último dia destes malfadados 9 meses de estágio, dei-me ao luxo de trabalhar um bocado num texto pessoal. E dei de caras de novo com o blogue de um antigo professor, um gajo ultra-inteligente que hoje está onde merece (no MoMA), por causa de escrever coisas como esta :
They cheerfully joined the hordes of tourists who had already realized that, in the midst of accelerated impoverishment, Lisbon quickly became the cheapest capital city in Europe. Besides beach and good food, one can buy exquisite antiques, fine leather shoes, top clothing and whatever else for a tiny fraction of their price anywhere else. And all of this without the annoying street riots of Athens, of course.
...e ainda por causa de me fazer descobrir uma das mais completas páginas da Wikipédia.
Tenho poucas memórias das aulas dele (talvez porque nesse tenha ido a poucas) mas lembro-me que ele nos chamava "gado" com alguma frequência. Cada vez mais lhe dou razão.
21.2.13
it's a point of view.
Há poucos que não se tenham cruzado pela internet (ou com sorte ao vivo) com o último grito da arte urbana, as anamorfoses.
(esta é de um tal Joe Hill)
Basicamente é uma imagem distorcida pintada no chão, que, quando observada de de um determinado ponto de vista cria uma ilusão de tridimensionalidade. Claro está que os temas escolhidos andam quase sempre à volta de "buracos" para outras realidades, quer sejam pacíficas cataratas ou as cavernas do inferno. A técnica e o resultado têm a sua piada, mas a estética nunca me agradou. Até me cruzar com o senhor Felice Varini.
O princípio deste senhor é um bocado diferente : em vez de procurar três dimensões ele procura duas a partir de espaços não uniformes. E se o resultado observado do ponto de vista correcto não anda muito longe de um qualquer cartaz de design contemporâneo - signifique isso o que significar -, o que mais me fascina é a complexidade da composição e do processo para atingir esse resultado aparentemente simples. Enquanto as pinturas de rua se deixam perceber, embora distorcidas, e a piada da coisa está na ilusão da profundidade, o interesse destas composições prende-se mais com o "quebra cabeças" - linhas aparentemente aleatórias no espaço, que, quando vistas de um determinado ponto de vista fazem todo o sentido. (Caraças, até me sinto tentada a terminar com um lugar comum qualquer como "...tipo a vida").
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arte
15.2.13
Strangeways, here I come! Parte incerta.
No meu sonho estavamos numa espécie de set de um filme. Tinha sido puto do gangnam style que compôs a Walk on the Wild Side - para a irmã-, e agora estava a fazer uma versão mais comercial da coisa, com um arranjo electrónico e um videoclip monstruoso.
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o meu sono é um lugar estranho
"Poucas coisas há que sejam tão sexy num homem como o seu olhar misto de adoração, divertimento e condescendência, é esse o encanto dos homens mais velhos, ficam divertidos com as nossas loucuras, apostava que pensam que não passamos de crianças (...)." (lido por aí)
É. Mais ou menos quase isso.
É. Mais ou menos quase isso.
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well... yeah... whatever
2.1.13
24.12.12
quando for grande...
...quero viver num sítio onde não se comemore o natal.
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well... yeah... whatever
6.11.12
is like a child taking apart a clock to understand time.
(fotograma de Sangue do meu sangue, João Canijo, 2011)
(fotograma de Oslo, 31. august, Joachim Trier, 2011)
Acabei ontem de ver o Sangue do meu sangue. Demorei três dias, até que não foi mau. Vi-o a conselho de um amigo que elogiou o argumento e os diálogos bem escritos - ou não fosse ele próprio argumentista. E cada vez mais me convenço que a minha embirração com o cinema português tem algum fundamento. O último grande filme português que vi foi o Alice - se calhar porque não tinha grandes diálogos. Em Sangue do meu sangue safam-se a Rita Blanco, a Anabela Moreira e o Nuno Lopes. O resto parece diálogo teatral forçado - do "Dr. Beto" nem se fala-, estereótipos exagerados - Tony Carreira, futebol, telenovelas, Pingo Doce, os gajos do hip hop. Nunca se chega a acreditar realmente que aquela gente é do Bairro Padre Cruz ou que a trama poderia ser lá passada. Nisso tenho de elogiar os brasileiros ou os ingleses - quando fazem um filme ambientado na favela, bairros suburbanos etc. não duvido da sua veracidade, embora seja uma realidade que só me chega pelos media ou relatos indirectos. E a trama. Estava tudo bem até o João Canijo resolver mostrar que leu os Maias ou que vê novelas mexicanas. É que nem o Nuno Lopes - a mais credível de todas as personagens - escapa a essa coisa do enredo novelesco no final. E e penúltima cena é mesmo a que se safa. Uma coisa fortíssima que tem uma única falha : a Ivete cantar uma música em inglês quase perfeito.
Em contraste, o Oslo 31 de agosto. Uma coisa super refinada formalmente - as intenções são outras, claro. Diálogos e interpretações impecáveis - tendo em conta o que se poderá perder com o facto de não ser uma língua "familiar"..., até o jogo do focado/desfocado que noutra altura qualquer acharia exagerado me caiu bem. Não é um filme que veria uma segunda vez, mas não deixo de lhe tirar o chapéu.
(fotograma de Oslo, 31. august, Joachim Trier, 2011)
Acabei ontem de ver o Sangue do meu sangue. Demorei três dias, até que não foi mau. Vi-o a conselho de um amigo que elogiou o argumento e os diálogos bem escritos - ou não fosse ele próprio argumentista. E cada vez mais me convenço que a minha embirração com o cinema português tem algum fundamento. O último grande filme português que vi foi o Alice - se calhar porque não tinha grandes diálogos. Em Sangue do meu sangue safam-se a Rita Blanco, a Anabela Moreira e o Nuno Lopes. O resto parece diálogo teatral forçado - do "Dr. Beto" nem se fala-, estereótipos exagerados - Tony Carreira, futebol, telenovelas, Pingo Doce, os gajos do hip hop. Nunca se chega a acreditar realmente que aquela gente é do Bairro Padre Cruz ou que a trama poderia ser lá passada. Nisso tenho de elogiar os brasileiros ou os ingleses - quando fazem um filme ambientado na favela, bairros suburbanos etc. não duvido da sua veracidade, embora seja uma realidade que só me chega pelos media ou relatos indirectos. E a trama. Estava tudo bem até o João Canijo resolver mostrar que leu os Maias ou que vê novelas mexicanas. É que nem o Nuno Lopes - a mais credível de todas as personagens - escapa a essa coisa do enredo novelesco no final. E e penúltima cena é mesmo a que se safa. Uma coisa fortíssima que tem uma única falha : a Ivete cantar uma música em inglês quase perfeito.
Em contraste, o Oslo 31 de agosto. Uma coisa super refinada formalmente - as intenções são outras, claro. Diálogos e interpretações impecáveis - tendo em conta o que se poderá perder com o facto de não ser uma língua "familiar"..., até o jogo do focado/desfocado que noutra altura qualquer acharia exagerado me caiu bem. Não é um filme que veria uma segunda vez, mas não deixo de lhe tirar o chapéu.
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cinema
5.11.12
madrid no me mata
(o antes e o depois, apanhado por aí na net)
Tinha ido a Madrid uma vez na vida, numa visita de estudo do secundário. Há coisa de 9 anos. Lembrava-me do Palácio Real, do Templo de Debod, da Casa de Campo e das putas de mamas de fora a atirarem-se aos carros. Do Guernica - bem mais estreito do que aparece nos livros. E lembrava-me de uma rua à qual fomos parar porque a Paula tinha ouvido dizer que era a rua fixe de Madrid. A Calle Fuencarral. Graffitis, putas e travecas em muitas portas às três da tarde, sex shops, lojas freaks, lixo. A definição de fixe quando se tem 17 anos. E um centro comercial decrépito onde ficamos umas horas nuns sofás a cheirar poppers.
Agora é uma rua em grande parte pedonal, onde não se pode andar a nenhuma hora do dia com o magote de gente que lá anda, Calzedonias, Pepe Jeans e Replays por todo o lado. Sem putas, nem graffitis, nem lojas freaks. Pensava que esta higienização consumista das cidades já tinha passado de moda.
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próxima estación...
30.10.12
And the clock waits so patiently on your song.
É engraçado...ou triste, nem sei...antigamente quando ficava algum tempo sem ver certos amigos eles simplesmente ficavam na mesma, ou diferentes, ou cresciam. Agora envelhecem, sobretudo.
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dos outros
28.10.12
memory serves
Outro dia estava a dar uma vista de olhos pelos novos lançamentos e dei de caras com reedição do álbum I Get Wet de 2001, do Andrew W.K. Não faço ideia de quem é o gajo e acho que nunca ouvi uma música dele. Mas lembro-me da capa ter ficado na minha memória, dos tempos em que ia com a minha mãe às compras ao Continente ou assim, dos tempos em que ainda havia cds nas grandes superfícies e eu me entretinha a olhar prás capas e de vez em quando a ouvir os que me chamavam a atenção - hoje em dia, como já não há cds, enterro-me nas revistas de moda/cuscuvilhices...grande progresso, hã?
Anyway, duas das que me ficaram na memória também, foram a do Tubular Bells do Mike Oldfield e a do Get Ready dos New Order.
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música
Once, he was stopped by Dutch customs who thought his pictures were photographs. "Where on earth did they think I could have photographed my subjects?" he asked, incredulous. "In Hell, perhaps?"
No fim de semana passado tive um 2em1 excepcional : a exposição dos Archigram no Centro Cultural Vila Flor (conteúdo excelente, ou não fossem eles Amazing - montagem da exposição um bocado fraca, o Cushicle a tapar os painéis que explicam o próprio projecto, assim como também acontecia na maquete/desenhos do Living Pod, a iluminação do piso superior desastrosa) e mais tarde o Prometheus. Admiro muitíssimo o trabalho dos Archigram, o mesmo não posso dizer de filmes de ficção científica e este não foi excepção. Estava mais à espera de poder ver o que é que o Giger andou a fazer desta vez. Um gajo que, como os Archigram, explora os conceitos de máquina/natureza/homem e as suas ligações, embora de maneiras muito distintas. Não sou particularmente fã da estética do Giger no entanto não consigo deixar de me sentir abismada com o que o gajo faz, e sinto sempre, como da primeira vez que vi algo dele, que estou perante algo verdadeiramente original e com significado. Assim como se sentiu o Riddley Scott, que pelos vistos disse que nunca teve tanta certeza de uma coisa na vida (referindo-se ao facto de trabalhar com o Giger no Alien), apesar do produtor ter dito que o gajo devia ser completamente doente da cabeça.
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arquitectura,
arte
5.10.12
Strangeways, here I come! Parte XVIIYX
Pablo Picasso Gato a devorar um pássaro (1939)
No meu sonho estava numa cidade qualquer. Cruzo-me com um caixote de lixo transparente e noto que está cheio de gatinhos. Penso que estão mortos mas olho melhor e ainda se mexem, tiro-os de lá e noto que têm todos coleira. Eles ainda vêm atrás de mim mas enxoto-os porque estava atrasada para o exame da ordem. Encontro-me com a minha mãe no cais e apanhamos o ferry para ir para o outro lado do rio?lago?...entretanto quando o ferry começa a andar um puto com um t-shirt amarela demasiado grande para ele (é o segundo sonho em que tenho certeza absoluta de que havia cor) e mete-se na frente do barco, de costas viradas pra ele e braços abertos. O ferry passa-lhe por cima. E, apesar de ser um barco grande, sentimos que ele passou por cima de alguma coisa. Pensei que fossem parar o barco mas não. Estamos na entrada da sala de exames, lembro-me que não estudei nada. Algumas pessoas perguntam-me pela calculadora. Não trouxe. Respondo que faço as contas com o telemóvel. Perguntam-me como é que espero conseguir resolver exponenciais com o telemóvel. Entro na sala, esqueci-me da folha com a assinatura da gaja da ordem. Sento-me, toda a gente tira uma espécie de compêndio de banda desenhada e a coordenadora do exame começa a pedir um a um para falar de uma edição desse compêndio. Chego cá fora e encontro a Lolita.
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o meu sono é um lugar estranho
3.9.12
Jesus died for somebody's sins but not mine.
Já o tinha na prateleira há quase um ano, foi presente de aniversário. Just Kids, Apenhas Miúdos, a história da Patti Smith e do Robert Mapplethorpe, narrada por ela, desde que se conheceram no final dos anos 60, até à morte dele no final dos anos 80. E, apesar de contar os factos de uma forma um bocado superficial e idílica - já tinha lido algumas coisas, nomeadamente a propósito do caso dela com o Sam Shepard e não foi tudo um mar de rosas como ela deixa transparecer no livro -, é uma história lindíssima, principalmente no princípio. Por ser Nova Iorque nos 70s. Como já me tinha apercebido no Naked City, a cidade era suja e perigosa, os artistas não tinham onde cair mortos, passavam fome e criavam com o que lhes vinha à mão. Essa realidade, mais do que as tretas da paz e amor, essa crença em que estão a criar algo de maior, passarem muitas dificuldades mas conseguirem prevalecer e consolidar uma obra que hoje em dia encontrou, tanto no caso dela como no dele, e no de tantos outros que lhes foram contemporâneos, um lugar de relevo na história da cultura artística popular ocidental faz-me sentir ridícula por já ter quase 26 anos e não ter feito grande coisa, por me sentir restringida por não ter uma máquina melhor, ou por demorar um ano a acabar um texto, um desenho. Preciso de sair daqui.
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literatura,
música
16.8.12
you can only go so far in your mind...
Vinheta de Daytripper de Fábio Moon e Gabriel Ba.
...ou como acabar de ler um livro belíssimo na pior altura possível.
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volver
24.7.12
girl, you have no faith in medicine
Caí numas escadas rolantes a tentar subi-las ao contrário. Lixei o joelho. Passado um mês ainda me doía quando me agachava. Fui ao ortopedista. Mandou-me fazer uma ressonância - nunca tinha feito, parece que uma pessoa está numa festa de techno -, e um raio x. Voltei para mostrar os exames: "-Ah, é só um traumatismo que demora algum tempo a passar, mas está tudo bem...mas já agora vais fazer fisioterapia e pelo que estou aqui a ver tens as rótulas um bocado deslocadas o que em si não representa grande problema mas vais fazer um tac para depois vermos se fazes umas injecções de não sei quê no joelho que custam praí 400 euros. Mas está tudo bem! Ora deita-te aqui para te fazer uma cena na perna que te vai doer de caralho e que tu não vais perceber muito bem porque é que o fiz. Tem um bom dia, são 70 euros!"
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well... yeah... whatever
30.5.12
Por vezes tenho a impressão que sou daquelas pessoas que vivia bem se só ouvisse música clássica. Tava bem lixada.
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música
8.5.12
Every fuckin' time.
Posso não acompanhar a série x, posso até gostar da série x mas não o suficiente para a acompanhar, só vi praí uns 10 episódios dos mais de muitos que ela já tem...mas de todas as vezes que ligo a televisão enquanto almoço/lancho/etc. está a dar um episódio que já vi.
28.4.12
Strangeways, here I come! uma parte qualquer
No meu sonho estava em Afife, saltei o muro de uma casa que já tinha andado a explorar quando era catraia - tinha muito a mania de coscuvilhar as casas em construção. A casa já estava pronta, era enorme e dizia-se que tinha sido construída por um gajo japonês, vocalista de uma banda qualquer que tinha tido um hit e feito rios de dinheiro. Entrei numa sala e estava lá o tal gajo japonês, começamos a conversar e entretanto entram dois bebés, ele muda-lhe as fralda e manda-os pra cama. Ele dá-me um beijo, comemo-nos um bocado, despimo-nos mas ele faz questão de continuar no piso de baixo, onde há uma espécie de estúdio e estão duas dúzias de pessoas a gravar e a tocar. E estamos ali nós, encostados a uma janela, em frente a toda a gente, puro exibicionismo, quando ele diz que não se consegue vir, larga-me e vai-se deitar num sofá ao lado duns gajos que lá estavam. Eu caguei, subi as escadas, vesti-me, e ia-me embora quando aparecem dois gatos gigantes japoneses cheios de dentes e de unhas e me atacam à cara podre.
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o meu sono é um lugar estranho
7.2.12
Miss America
Desde que a conheci que admiro a música dela, a postura política dela, a irreverência e ironia, a maneira como conjuga várias influências de "música popular" - o dance hall, o funk carioca, o kuduro.
Agora é casada com o filho do CEO da Warner e actua na Superbowl com a Madonna. Um artista tem que fazer pela vida, right?
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música
7.12.11
os críticos são todos homens baixinhos, feios, gordos de óculos que se vingam dos padrões de beleza da sociedade encharcando-nos do alto do seu pedestral intelectual com a sua verborreia.
Noutro dia lia a crítica ao "Melancholia" do Trier no Ipsilon online feita pelo Vasco Câmara (reparei há 5 min. numa nova, feita pelo Jorge Mourinha). Não acrescentam muito, Lars von Trier é amor ou ódio - mesmo no meio crítico cinematográfico, mesmo no meio de snobs cinematográficos que dão cinco estrelas a tudo o que seja independente/degesto e zero ou uma - e já vão com muita sorte - a tudo que tenha uma pitada de mainstream que seja. Mas o que me chamou a atenção foi um comentário feito por um leitor, Vítor Barreira, que refere - e muito bem - a leviandade com que os críticos misturam o homem e a obra. Mas é só quando lhes convém, claro - veja-se o caso do Polanski..., mas esse coitado, dá-se um desconto, já foi há tanto tempo e ainda por cima os outros fanáticos mataram-lhe a mulher e o bebé...
Na corja de intelectuais obtusa e conservadora que é o meio cinematográfico claro que o discurso de Cannes caiu mal e foi alvo de mal-entendidos. Eu tou-me a cagar pró facto de o gajo ter descoberto que tinha um avô alemão ou dizer que se conseguia identificar com Hitler ou as razões que ele teve para dizer isso. Eu gosto dos filmes dele. Considero-os muito bem feitos em mais do que um sentido. Aliás, era este outro tipo de análise que Vítor Barreira, no seu comentário assertivo, pedia :
«Seria interessante, isso sim, sem qualquer desqualificação, pressupondo no senhor VC um elevado estatuto crítico e cultural, saber o que ele pensa, em concreto, sobre os seguintes elementos de análise do filme “Melancholia”: a) a sua forma/estrutura narrativa, b) a construção das personagens do filme, c) a mise en scène – contributo dos cenários, da representação dos actores, os costumes, props e makeup dos actores, a iluminação, a composição dos planos, enquadramentos e cores – d) a cinematografia, nos seus aspectos fundamentais: movimentos das câmaras, ângulos e distâncias, lentes e filtros utilizados, efeitos visuais, e) a edição, ou seja, a montagem do filme, f) o som, quer o som diegético quer o som extra-diegético, diálogos, efeitos de sonoros, g) a música, de que forma contribui para a construção do sentido do filme, e depois, h) a análise do sentido histórico-filosófico e sociológico-cultural do filme. Estes, sim, são elementos que importaria trazer à análise do filme “Melancholia”, se se pretendesse levar a cabo uma análise séria e digna do referido filme (...)»
e lembrei-me disto porque me chegou pelo correio isto :
Já tinha lido dois ou três textos, achei piada e resolvi comprar. Há uma coisa que me acontece frequentemente que é calcular o valor do "todo" - neste caso o conjunto da obra de alguém - pela "parte" - algumas coisas que esse alguém produziu e que me agradaram. Como por exemplo, se me perguntarem se gosto de Joanna Newsom respondo afirmativamente sem hesitar, quando, na verdade, gosto apenas do álbum "Ys". Hoje reparei que acontece uma coisa parecida com o Miguel Esteves Cardoso. Na verdade, só gosto mesmo mesmo do "Causa das Coisas". O resto que li dele não me emocionou, das crónicas diárias há uma que se safa quando o rei faz anos. Agora, aquilo que se aplica aos críticos de cinema descrito acima aplica-se também à crónicas de música do MEC. Basicamente as crónicas são uma salgalhada de nomes de bandas e álbuns à mistura com uns adjectivos sonantes que acabam por construir texto bem escritos mas sem sumo nenhum. Quero lá saber eu que os Joy Division - a única banda digna de respeito - produzam música entesante e entumecedora que o eleva eloquentemente num estremecimento enternecedor? Ah! Mas aquilo não é crítica, é EScrítica...pois sim, é assim que eles se safam.
OU
isto tudo é pura e simplesmente rebarbamento por o gajo deitar abaixo o "Dare" dos Human League e dar uma estrela ao "Fire of Love" dos Gun Club, duas estrelas à "More Than This" dos Roxy Music, achar que a únicas bandas que valem a pena são os Joy Divison e os New Order, gostar de reggae, UB40(!!) e outras facadinhas que tais, que me permitem afirmar, sem nenhuma sombra de dúvida, que este gajo não percebe nada de música. Se percebesse não tinha escrito que os Oranje Juice eram a "next best thing".
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música
26.11.11
Das vezes em volto a acreditar na humanidade.
(a descoberta mais fofa dos últimos tempos : Kitten Covers. Embora cometam um erro recorrente : o gajo não tem olhos de cores diferentes! Façam pesquisa! Pouca coisa me irrita, mas não sei porquê este erro mexe-me com os nervos, até porque a verdadeira razão do gajo ter olhos freaks é bem mais interessante e invulgar do que ter um de cada cor.)
Estava a arrumar a cozinha. Na televisão, uma série qualquer de espiões mostrava dois deles em Berlim, o big boss e a subordinada. Conversavam os dois enquanto olhavam para a cidade. No meio do diálogo :
Ele : "Turn and face the strain."
Ela : Brecht?
Ele : Bowie.
Ele : Fez três álbuns aqui em Berlim.
Três vivas para os guionistas nerd das séries chungas de Sábado à tarde.
25.11.11
"Life sucks and then you die."*
* uma crítica bem humorada a Melancholia (Lars von Trier 2011), Mark Hobin no Rotten Tomatoes.
Mas não interessa muito agora dissertar sobre a vida e a morte, embora Lars von Trier tenha muito gosto em fazê-lo, de preferência com muito sofrimento - tendencialmente feminino - à mistura. Kirsten Dunst é uma senhora que sofre de uma doença indefinida, com uma família disfuncional. O filme baseia-se na relação dela com a irmã - cada uma delas têm direito a uma parte do filme em que é "protagonista" ("Justine" e "Claire") - sendo a estória apimentada com um suposto planeta, "Melancholia",em rota de colisão com a Terra. Já li algumas críticas que sustentam que o tal planeta que choca com a Terra é uma metáfora, blá blá blá, até ai posso aceitar, até porque acho que o nome Melancolia não é inocente, tanto pelo significado da palavra e a sua relação com o estado de espírito de ambas as protagonistas, como pelo facto de "melancolia" ser originalmente um dos pecados capitais - hoje em dia bem que os cristãos tavam lixados, com tanta depressão que prai anda...
A questão é que a senhora Dunst ainda tem que comer muita sopinha para fazer uma interpretação digna de um Lars e que não envergonhe as suas predecessoras. É sempre arriscado apostar em figuras muito vistas para este tipo de filme. Lars contrariou esta afirmação quando apostou - e muito bem - em Nicole Kidman para Dogville. Arriscou ao fazê-lo de novo, ainda por cima rodeando Dunst de Alexander Skarsgård, Charlotte Gainsbourg e Kiefer Sutherland - o primeiro é a mais recente paixão das pitas (eu incluída) da super-série vampiresca True Blood, Charlotte teve um papel tão marcante em Antichrist que é um erro usá-la no filme seguinte (embora tenha um bom desempenho) e Kiefer, o senhor 24 Horas, até se porta razoavelmente bem prá coisa.
Mas já me estou a perder, não era minha intenção dissecar o filme, mas sim esta imagem:
Esta imagem figura na maior parte dos cartazes promocionais do filme e faz parte da sequência inicial, uma coisa super formalista que Lars inventou como prólogo e que só se irá perceber bem no fim do filme.
Quando vi isto, pensei para comigo : "Outra vez a Ofélia".
Ophelia(a do Hamlet, que se afoga no rio) é um dos quadros mais famosos de John Everett Millais, pintado entre 1851-52. Foi sempre um quadro que me fascinou e não é a primeira vez que topo que alguém o usa como referência, já aqui tinha falado nele a propósito do Nick Cave e do vídeo da Where the Wild Roses Grow.
Mas, claro, posso estar a ver coisas onde não existem, tanto quadro, tanta referência que praí anda...no entanto o senhor Lars é um querido e faz questão de nos mostrar de onde vêm as coisas :
Há uma cena em que Justine (Dunst) está na biblioteca, chateada com a vida, olha à sua volta e só vê quadros abstractos nos livros expostos ( tudo Suprematismo, arriscar-me-ia a dizer tudo do Malevich, na segunda imagem vê-se bem o Quadrado Branco Sobre Fundo Branco). Então, começa a substituí-los por outros livros, com pinturas figurativas.
E...voilá! A Ophelia lá no meio!
3.11.11
25.9.11
strangeways, here I come! (com participação especial)
No meu sonho eu estava num café no Porto, em cima de uma mesa, de pernas abertas. E estava um gajo a masturbar-me. Esse gajo era um amigo meu que é gay. Só que não era bem ele, era a cabeça dele num corpo grande e musculado. Será que estou a reprimir alguma coisa?
Reposta de um grande palhaço armado em psicanalista da revista Maria:
«Arq. Mariana,
Junto segue o seu relatório clínico, na sequência das sessões de psicanálise que efectuou com o Dr. X.
De uma forma simples, podemos reconduzir o seu caso a uma das três hipóteses seguintes, descritas por Jung no ensaio clássico "Sexo com paneleiros em locais públicos: encruzilhadas da nossa mente":
Junto segue o seu relatório clínico, na sequência das sessões de psicanálise que efectuou com o Dr. X.
De uma forma simples, podemos reconduzir o seu caso a uma das três hipóteses seguintes, descritas por Jung no ensaio clássico "Sexo com paneleiros em locais públicos: encruzilhadas da nossa mente":
a) acha V. Exª o cavalheiro em questão uma pessoa atraente, e a cena do corpo musculado é naquela do "se não fosse panisgas marchava";
b) tem a Srª. Arqta. alguma fantasia latente com gente do sexo oposto que prefere o seu próprio sexo. Provavelmente vai ficar espantada, mas acredite que qualquer homem percebe isso na perfeição. Aliás, estou certo que se procurasse bem no seu sonho, veria que por trás do cavalheiro estaria um outro cavalheiro, eventualmente moçambicano, a soprar-lhe ao pescoço.
c) ou como dizia o Y, o que a Srª Arqta. quer é gajos.
b) tem a Srª. Arqta. alguma fantasia latente com gente do sexo oposto que prefere o seu próprio sexo. Provavelmente vai ficar espantada, mas acredite que qualquer homem percebe isso na perfeição. Aliás, estou certo que se procurasse bem no seu sonho, veria que por trás do cavalheiro estaria um outro cavalheiro, eventualmente moçambicano, a soprar-lhe ao pescoço.
c) ou como dizia o Y, o que a Srª Arqta. quer é gajos.
por favor envie à D. Z o seu nº do SNS / ADSE, para que possa ser emitida a competente factura electrónica.
melhores cumprimentos.»
melhores cumprimentos.»
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o meu sono é um lugar estranho
«time takes a cigarette» ou «the only thing constant in our times seems to be "Change"»
Já não tenho bem memória quem me falou do Michael Wesely, mas é um senhor alemão que trabalha com uma coisa espectacular e que sempre foi uma das minhas grandes obsessões na fotografia : longa exposição. Não, não estou a falar daquelas fotos tutorial-de-photoshop-style de rastos de luzes de carros e de estrelas e o pôr-do-sol super alaranjado em que o mar parece nevoeiro que são tão bonitos que o lugar deles é num wallpaper de um computador qualquer. Falo de longa exposição de verdade. Esteticamente e temporalmente. Tipo assim, 3/4 anos de exposição do filme. Em 2001 ele foi convidado pelo MoMA em Nova Iorque para captar a reconstrução do edifício do museu. O tipo montou oito câmaras de grande formato em quatro pontos diferentes e deixou-as ficar a captar a imagem até 2004. O resultado foi qualquer coisa como isto :
A próxima fotografia foi tirada durante 14 meses na Leipziger Platz em Berlim que na altura (1999) em conjunto com a Potsdamer Platz eram dos sítios onde mais se construía no mundo.
Stefan Klenke, num interessante post que encontrei há um tempo diz que acha «(...) incredible that you can actually see the passing of time. The older parts of the building that were exposed the longest appear darker and clearer. While the newer parts seem more ghost like.».
Potsdamer Platz em 2 anos e pouco:
«Just when one detail had burned into the negative it was erased or overshadowed by another detail. In his eyes this constant change and destruction is something that really stands for the state of our society. "The moment is fading, all that remaines is the permanent overlapping of movements of all kinds, political or personal. The technologies of our times fuel this fire of restless 'Online-Existence'. One day computers won't have an on- or off-button anymore. We will always be online."»
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