31.3.11

retalhos da vida conjugal

Walker Dukes


Numa banca de jornais e revistas, ele a ler a Visão e eu a ler a Cuore.

28.3.11

kill all hipsters



Hipster is a slang term that first appeared in the 1930s, and was revived in the 2000s and 2010s to describe types of young, recently settled urban middle class adults and older teenagers with interests in indie rock, independent film, magazines such as Vice and Clash, and websites like Pitchfork Media.

Leventei-me cedo demais para tentar comprar bilhetes pró Benfica-Porto, nunca julguei que às 10 da manhã o estacionamento do Continente do Norteshopping estivesse cheio (mas quem raio vai às compras à segunda de manhazinha?), recebo uma mensagem ' afinal só vendem no Colombo em Lisboa'. Great. Viagem perdida, neura elevada a píncaros pouco antes vistos. Vou ver as modas a ver se me acalmo. Hippie e mod e cores...ainda mais enervante. Dois casacos que gostava de ter dinheiro para comprar. Esperemos os saldos, como sempre. Chove. De volta a casa, meia hora para arranjar um lugar e os putos do Ribadouro aos berros no meio da rua. É pra aprender...sou do Benfica mas sou realista. De qualquer das formas a viagem a Lisboa seria sempre uma perda de tempo.

Isto porque, sou muito a favor da tolerância e de que cada qual sabe de si e tal...mas a neura hoje pede uma pequena libertação rebarbada de ódio...se há coisa mais abjecta que a normalidade são as modas. E estes indivíduos com os seus óculos de massa vintage, os seus gorros à pescador, o seu cabelo comprido preso num carrapito, os seus oxford shoes , as suas fotografias urbano-depressivas metem nojo. Muito nojo.


22.3.11

Nouvelle Bossa

Nunca gostei de bossa nova. Muito devido ao facto de representar completamente o ambiente Zona Sul patricinha/mauricinho.

Houve uma certa altura em que ouvia Nouvelle Vague. Gostava de algumas versões mas o que mais me entusiasmou foi descobrir os originais (o que também aconteceu, num estilo um bocado diferente, com o álbum 'Dark Was The Night').
E, no meio de músicas que já me eram familiares dos Clash, Joy Division, Undertones, Specials, Cure, Depeche Mode, Dead Kennedys fiquei maravilhada com a descoberta destas pequenas pérolas : 





Public Perverts (The Ballad of)

 Foto : Nan Goldin 
(claro que esta foto do Roy Stuart conduziria perfeitamente com o post, mas ainda me censuravam o tasco...)

comprei um bilhete e um cartucho de amendoins e
entrei no cinema. tu compraste um bilhete e um
cartucho de amendoins e entraste no cinema, sen
támo-nos na mesma fila, lado a lado. eu abri o meu
cartucho de amendoins, tu abriste o teu cartucho
de amendoins, com um ruído exactamente igual ao
meu. voltei-me para ti e mostrei os dentes. tu
voltaste-te para mim e mostraste os dentes. quan
do a luz apagou, tu pousaste o teu cartucho de a
mendoins no colo e eu pousei o meu cartucho de
amendoins no colo. com a mão direita comecei a le
vantar-te a saia. para me facilitar a tarefa, tu
levantaste levemente as nádegas do assento. com
esse gesto, caiu-te do colo o cartucho de amendo
ins. assim que os amendoins acabaram de se espal
har no chão, abaixei-me para tos apanhar, mas es
queci-me do meu cartucho de amendoins, o qual me
caiu igualmente ao chão. gastei um tempo enorme
a procurar e a recolher todos os amendoins. lembro
me de que passei o tempo quase todo até ao inter
valo recolhendo amendoins. todo o tempo tu
não deixaste de suspirar e de gemer, embora esti
vesse apenas a decorrer um documentário sobre
o narciso e nenhum drama comovente. a voz do lo
cutor lembro-me que dizia: «no começo da primave
ra, quando montes e vales acordam do longo sono
de inverno, centenas e centenas de narcisos ele
vam as douradas cabeças em todas as frestas e a
brigos do solo, e lançam seu olhar inocente pelos
portentosos rochedos e pelas raízes nodosas da
floresta.» isto, como certamente te lembras, foi
antes do intervalo. depois, quantas vezes, oh quan
tas vezes não deixaste cair e eu não deixei cair
os amendoins que nos restavam. e ora eu, ora tu,
de cada vez descíamos a procurá-los, e a colhê-los
com suaves, ternos guinchos. o filme, no dizer da
crítica, era daqueles que se não podem perder.

A Evocação do Chimpanzé
Alberto Pimenta

9.3.11

9.3.2011

Em Setembro vinhamos das Feiras Novas. Estavas em modo repeat : "daqui a 30 anos todos neste mesmo carro nesta mesma estrada." Seria mais lógico e provável eu já não ter o mesmo carro do que tu já não poderes estar nele. 

Parabéns.

4.3.11

de certos prazeres egoistas

I ♥ auto-referências

...e até me babo toda quando dou conta de coisas como esta.

(fotograma de Delicatessen, de Marc Caro e Jean-Pierre Jeunet, França 1991)

Em Delicatessen, o parzinho romântico era composto por Louison e Julie. Ele tocava serra e ela violoncelo.


 (fotograma de Micmacs à tire-larigot, de Jean-Pierre Jeunet, França 2009)

Dezoito anos depois, numa das cenas de Micmacs (também de Jean-Pierre Jeunet), vemos o herói, Bazil, tentar infiltrar um microfone no apartamento de um empresário de armas, pela chaminé. Não acerta nem à primeira nem à segunda. O caricato é que à segunda ele acerta num apartamento onde vemos duas pessoas, uma a tocar violoncelo e outra serra, o mesmo casal de Delicatessen (e o mesmo actor, Dominique Pinon. Calculo que a atriz seja diferente já que não dá pra ver a cara dela).

3.3.11

trip emo



Stop me, oh
o-ho, stop me
Stop me if you think that you’ve heard this one before
Stop me, oh
o-ho, stop me
Stop me if you think that you’ve heard this one before

Nothing’s changed
I still love you, oh, I still love you
Only slightly, only slightly less than I used to, my love

I was delayed, I was way-laid
An emergency stop
I smelt the last ten seconds of life
I crashed down on the crossbar
And the pain was enough
to make a shy, bald, buddhist reflect
And plan a mass murder
Who said I’d lied to her?

Oh, who said I’d lied? because I never... I never!
Who said I’d lied?
because I never...

I was detained, I was restrained
And broke my spleen, and broke my knee
and then he really laced into me
Friday night in out-patients
Who said I’d lied to her?

Oh, who said I’d lied?
because I never... I never!
Who said I’d lied?
because I never...

And so I drank one
It became four
And when I fell on the floor I drank more...

Stop me, oh
o-ho, stop me
Stop me if you think that you’ve heard this one before
Stop me, oh
o-ho, stop me
Stop me if you think that you’ve heard this one before

Nothing’s changed
I still love you, oh, I still love you
Only slightly, only slightly less than I used to, my love

Chick flick à moda do Porto.


Ontem, a Catarina fez o favor de me apresentar uma senhora muito peculiar que pelos vistos para além de se dedicar ao negócio dos queijos ali algures na Praça dos Poveiros gosta de fazer filmes. A senhora em questão, de sua graça Maria José de Jesus Silva, 55 anos, há 40 anos que não vai de férias porque todo o dinheiro que junta é gasto na produção de filmes. Da sua filmografia, destaco o seu mais recente "Mulheres Traídas", "uma história de infidelidades contada na voz feminina".



A par do filme, o making-of de Miguel Marques, apresentado no DOC Lisboa:


E aqui a página da senhora, "Maria José, humorista à moda antiga" que (pasme-se!) também é autora das bandas sonoras dos ditos filmes.