26.2.10

tetro

(fotograma de Tetro de Francis Ford Coppola, EUA, Itália, Espanha, Argentina 2009)

(El Caminito, La Boca - Mariana Lopes, Buenos Aires 2009)

Embora tenha consciência de que El Caminito é um caso isolado no conjunto da Boca, é, para todos os efeitos, a imagem que conservo deste bairro porteño...logo fez-me um bocado de espécie no Tetro a preto e branco...

...mas é caricato que, numa cidade marcada pela cor [não só do Caminito, como da Casa Rosada, o próprio filete (nas paredes e nos autocarros...), o Centro Cultural da Recoleta (uma recuperação meio pós-moderna do Clorindo Testa) na sequência da recuperação do Museu Nacional de Belas Artes...] filmar a preto e branco resulte tão bem e não descaracterize, de todo, o lugar.

23.2.10




(que fará se tivesses sido mãe como a outra, ò Joaninha...)

(ANYWAY...)

(Joanna Newsom - Have One On Me, Drag City, 2010)

22.2.10

to go or not to go...

...e como diz o nosso bem aventurado kiduxo, ficaríamos com a caderneta do cromos indie bem preenchida...

ainda Whatever Works


Uma coisa que me aborrece de vez em quando é a questão da tradução do nome dos filmes. O ideal seria que todos tivessemos conhecimentos suficientes de inglês, francês, russo, árabe (...) para tirarmos o significado sem recurso à tradução. Não sendo esse o caso, e na medida em que nem todas as traduções podem ser literais, defendo que o título deve ser fiel ao tema, mensagem, linha condutora, do filme.
E o título do novo filme do Woody Alen entra um bocado nessa onda de não ser possivel uma tradução literal (embora pense que 'É pró que der' talvez funcionasse...). Então traduziram como 'Tudo pode dar certo', dando um certo sentimento optimista à coisa, quando, como o Larry faz questão de explicar no princípio ( 'My story is whatever works. You know, as long as you don't hurt anybody. Any way you can filch a little joy in this cruel dog-eat-dog, pointless, black chaos. That's my story.')  a estória dele não é bem essa....embora no fim, as coisas acabem, de facto, por dar certo.

18.2.10



Andar pelos corredores do S.João é mais ou menos como estar dentro de um episódio submundista da Anatomia de Grey. Mas ao menos os estagiários parecem estar mesmo na casa dos 22/25 anos e não na dos 35, como na série.

let´s jump! (ou o trampolim dos MVRDV)



for the 'contemplating the void: interventions in the guggenheim museum' exhibition, rotterdam-based architectural firm MVRDV envisions 'let's jump!', a central 'trampoline' structure within the guggenheim museum's rotunda. the concept sees a reverse exhibition plan of the museum, maximizing the spiral's capacity by positioning a variegated collection of abstract and non objective works along the complete extension of the ramp (7000 art works / 337 meters = 20,7 art works per m2).

connected to the edges of the second ring of the museum would be a transparent, elastic membrane, which would produce a dynamic connection with the entire rotunda, reinterpreting the idea of movement, interconnection and simultaneity of frank lloyd wright's building. this approach steps away from a more ordered vision of the museum exhibition / guided tour, and transforms it into an amusing dialogue through this temporary art system - let's jump!

12.2.10

whatever works





hail to Lúcio Costa!

"É livre a arte; livres são os artistas; a receptividade deles é, porém, tão grande quanto a própria liberdade : apenas estoura, distante, um petardo de festim, e logo se arrepiam, tontos de emoção. Esta dupla verdade esclarece muita coisa. Assim, todas as vezes que uma grande ideia acorda um povo, ou melhor ainda, parte de humanidade - senão propriamente a humanidade toda -, os artistas, independentemente de qualquer coação, inconscientemente quase, e precisamente porque são artistas, captam essa vibração colectiva e a condensam naquilo que se convencionou chamar obra de arte, seja esta de que espécie for. São antenas, embora nem sempre sejam as melhores, os que de melhor técnica dispõem. (...) As 'revoluções' - com os seus desatinos - são, apenas, o meio de vencer a encosta, levando-nos de um plano já árido a outro, ainda fértil. Conquanto esse facto de vencê-la em luta possa constituir àqueles espíritos irrequietos e turbulentos, que evocam a si a pitoresca condição de 'revolucionários de nascença', o maior - quiçá mesmo o único - prazer, a nós outros, espíritos normais, aos quais o rumoroso sabor da aventura não satisfaz, interessa exclusivamente como meio de alcançar outro equilíbrio, conforme a nova realidade que, inelutável, se impõe."


(COSTA, Lúcio, Razões da nova arquitetura, Revista da Diretoria de Engenharia da PDF, Rio de Janeiro, nº1, Janeiro de 1936)

5.2.10

strangeways, here I come! parte VII

No meu sonho havia uma curva no meio de um monte onde  ocorriam imensos acidentes. Normalmente os carros iam com velocidade a mais, não faziam a curva e mandavam-se ribanceira abaixo. A ribanceira era uma espécie de falésia e lá no fundo havia...awmm...uns baixios marítimos...com umas ilhotas e praias paradisíacas. A questão é que por mais avisos que a prevenção rodoviária pusesse continuavam a haver acidentes. Então puseram um cartaz gigante do Sócrates (o nosso P.M., não o filósofo grego...) a segurar uma espingarda. De cada vez que alguém excedesse a velocidade o Sócrates disparava contra o carro.
Um dia vai o Sócrates com a sua comitiva lá ao lugar para constatar se aquela porcaria estava a funcionar ou não e aparecem no meio da estrada duas miúdas nuas a andarem tipo caranguejo, com as mãos e os pés no chão (como a gaja d'O Exorcista a descer as escadas) . Diziam elas que tinham ficado tão fascinadas com as ilhotas e praias paradisíacas que resolveram descer a falésia e ir correr pra praia (aparece uma sequência delas a correrem nuas pela praia em slow motion tipo filme...acho que só faltava a música...).

4.2.10

dos conceitos abstractos [como a cor ou a moral]

Nos últimos tempos (mais precisamente desde que vi o Anticristo, e, 5 meses depois li as críticas portuguesas - sim...ia estar mesmo à espera que saisse em Portugal pra o ver...) tenho pensado sobre o quão abstractos são conceitos como a beleza, a moral, os valores, a lei...e que de certa forma todos eles são ficção. Não existem. Bem, daí e doutros lados é que advém o serem abstractos - a sua formulação será sempre condicionada por um conjunto de outros conceitos como a cultura, a história, etc.
A questão é que as pessoas encontram-se tão presas a esses conceitos abstractos que não são capazes de perceber a sua moldabilidade  e subtilezas, acabando por, consequentemente, limitar o seu campo de  pensamento e de actuação .
Porque é que a cena em que mostra o bebé a cair da janela ao ralenti não há-de ser bela...? Porque morre um bebé?...Porque é que a Gainsbourg a masturbar-se é um ultrage,... depois de toda a pornografia será o sexo ainda um tabu?
- Senhores críticos e intelectuais...será Sarah Kane uma abominação ou dar-se-á o caso do vosso conceito de belo ser limitado...?


Cleansed, Sarah Kane encenada por Krzysztof Warlikowski

A questão da cor aparece aqui como uma espécie de epifania (e logo como metáfora):
ao entrar pela primeira vez numa câmara escura e ver a camisola de um amigo meu [que à luz natural era vermelha] branca, percebi que a cor não existia. Ou melhor, que a nossa percepção da cor está condicionada pela questão da luz natural ser branca [sobreposição de todas as cores] e por questões neurológicas :


A cor é algo que nos é tão familiar que se torna para nós difícil compreender que ela não corresponde a propriedades físicas do mundo mas sim à sua representação interna, em nível cerebral. Ou seja, os objectos não têm cor; a cor corresponde a uma sensação interna provocada por estímulos físicos de natureza muito diferente que dão origem à percepção da mesma cor por um ser humano.
(...)
A cor não tem só que ver com os olhos e com a retina mas também com a informação presente no cérebro. Enquanto, com uma iluminação pobre, um determinado objecto cor de laranja pode ser visto como sendo amarelado ou avermelhado, vemos normalmente mais facilmente com a sua cor certa, laranja, porque é um objecto de que conhecemos perfeitamente a cor.
(...)
A chamada constância da cor é este fenómeno que faz com que a maioria das cores das superfícies pareçam manter aproximadamente a sua aparência mesmo quando vistas sob iluminação muito diferente. O sistema nervoso, a partir da radiação detectada pela retina, extrai aquilo que é invariante sob mudanças de iluminação. Embora a radiação mude, a nossa mente reconhece certos padrões constantes nos estímulos perceptivos, agrupando e classificando fenómenos diferentes como se fossem iguais. O que vemos não é exactamente «o que está lá fora», mas corresponde a um modelo simplificado da realidade que é de certeza muito mais útil para a nossa sobrevivência.


O que vale para a cor e a sua subjectividade também valerá para todos os outros conceitos acima enumerados.

Nunca li o Zaratustra, portanto só superficialmente é que poderei afirmar que esta linha de pensamento se aproxima de certa forma ao conceito de Super-Homem de Nietzsche, nem quero com isto dizer que o entendimento da 'ficção' de certos conceitos conduzirá inevitavelmente a um niilismo negativo...o que importa sublinhar é uma espécie de libertação que levará a uma percepção mais alargada do real, sem com isto perder aquilo que nos define enquanto seres vivos, Homens, dentro de uma determinada sociedade e cultura.

2.2.10

a propósito da obra 'The Omega Suites' de Lucinda Devlin



A pena de morte nos Estados Unidos da América é oficialmente permitida em 36 dos 50 Estados, bem como pelo governo federal.(...)Cada Estado que permite a pena de morte possui diferentes leis e padrões quanto aos métodos, limites de idade e crimes que qualificam para esta penalização. Os Estados Unidos da América são o segundo país onde mais pessoas são executadas anualmente; apenas a República Popular da China possui um número maior.
(...)
Atualmente, injeção letal é o método utilizado ou permitido em 35 dos 36 estados que permitem a pena de morte. No Nebraska o único método utilizado é a eletrocução pela cadeira elétrica, embora em 2008 a Corte Suprema ter decidido que este método é inconstitucional. Outros estados também permitem eletrocussão, câmaras de gás, enforcamento e fuzilamento.
(...)
A última execução por qualquer outro método que não seja a injeção letal foi em 17 de novembro de 2009, quando Larry Bill Elliot foi executado na cadeira elétrica da Virginia.
A última utilização da câmara de gás ocorreu em 3 de março de 1999, quando Walter LaGrand foi executado no Arizona.
O fuzilamento foi utilizado pela última vez em 1996 em Utah, quando Albert John Taylor foi fuzilado no dia 25 de janeiro daquele ano.
A última execução na forca ocorreu em 23 de janeiro de 1996 quando Billy Bailey foi enforcado no Delaware.



Mariana Lopes 2009


sometimes I still miss you.

1.2.10

 
 
(fotogramas do Strangers When We Meet de Richard Quine , 1960)

quando for grande quero ser arquitecto. pra poder ficar com a loira estonteante. se bem que dentro do tema prefiro o Fountainhead...mil desculpas à Kim Novak, mas aquela voz/postura arrogantezinha da Patrícia Neal é um mimo...







já agora gostei muito do cartaz que, (para meu desprazer) não foi criado por um aluno da FAUP, mas sim por um da FBAUP, (Paulo Catumba)...não é querer tar a tirar trabalho aos designers...mas de certeza que alguém da FAUP também era capaz de dar conta do recado...