24.12.12

quando for grande...


...quero viver num sítio onde não se comemore o natal.

6.11.12

is like a child taking apart a clock to understand time.

 (fotograma de Sangue do meu sangue, João Canijo, 2011)

(fotograma de Oslo, 31. august, Joachim Trier, 2011) 

Acabei ontem de ver o Sangue do meu sangue. Demorei três dias, até que não foi mau. Vi-o a conselho de um amigo que elogiou o argumento e os diálogos bem escritos - ou não fosse ele próprio argumentista. E cada vez mais me convenço que a minha embirração com o cinema português tem algum fundamento. O último grande filme português que vi foi o Alice - se calhar porque não tinha grandes diálogos. Em Sangue do meu sangue safam-se a Rita Blanco, a Anabela Moreira e o Nuno Lopes. O resto parece diálogo teatral forçado - do "Dr. Beto" nem se fala-, estereótipos exagerados - Tony Carreira, futebol, telenovelas, Pingo Doce, os gajos do hip hop. Nunca se chega a acreditar realmente que aquela gente é do Bairro Padre Cruz ou que a trama poderia ser lá passada. Nisso tenho de elogiar os brasileiros ou os ingleses - quando fazem um filme ambientado na favela, bairros suburbanos etc. não duvido da sua veracidade, embora seja uma realidade que só me chega pelos media ou relatos indirectos. E a trama. Estava tudo bem até o João Canijo resolver mostrar que leu os Maias ou que vê novelas mexicanas. É que nem o Nuno Lopes - a mais credível de todas as personagens - escapa a essa coisa do enredo novelesco no final. E e penúltima cena é mesmo a que se safa. Uma coisa fortíssima que tem uma única falha : a Ivete cantar uma música em inglês quase perfeito. 

Em contraste, o Oslo 31 de agosto. Uma coisa super refinada formalmente - as intenções são outras, claro. Diálogos e interpretações impecáveis - tendo em conta o que se poderá perder com o facto de não ser uma língua "familiar"..., até o jogo do focado/desfocado que noutra altura qualquer acharia exagerado me caiu bem. Não é um filme que veria uma segunda vez, mas não deixo de lhe tirar o chapéu. 



5.11.12

madrid no me mata


(o antes e o depois, apanhado por aí na net)

Tinha ido a Madrid uma vez na vida, numa visita de estudo do secundário. Há coisa de 9 anos. Lembrava-me do Palácio Real, do Templo de Debod, da Casa de Campo e das putas de mamas de fora a atirarem-se aos carros. Do Guernica - bem mais estreito do que aparece nos livros. E lembrava-me de uma rua à qual fomos parar porque a Paula tinha ouvido dizer que era a rua fixe de Madrid. A Calle Fuencarral. Graffitis, putas e travecas em muitas portas às três da tarde, sex shops, lojas freaks, lixo. A definição de fixe quando se tem 17 anos. E um centro comercial decrépito onde ficamos umas horas nuns sofás a cheirar poppers. 

Agora é uma rua em grande parte pedonal, onde não se pode andar a nenhuma hora do dia com o magote de gente que lá anda, Calzedonias, Pepe Jeans e Replays por todo o lado. Sem putas, nem graffitis, nem lojas freaks. Pensava que esta higienização consumista das cidades já tinha passado de moda.

30.10.12

And the clock waits so patiently on your song.



É engraçado...ou triste, nem sei...antigamente quando ficava algum tempo sem ver certos amigos eles simplesmente ficavam na mesma, ou diferentes, ou cresciam. Agora envelhecem, sobretudo.

28.10.12

memory serves


Outro dia estava a dar uma vista de olhos pelos novos lançamentos e dei de caras com reedição do álbum I Get Wet de 2001, do Andrew W.K. Não faço ideia de quem é o gajo e acho que nunca ouvi uma música dele. Mas lembro-me da capa ter ficado na minha memória, dos tempos em que ia com a minha mãe às compras ao Continente ou assim, dos tempos em que ainda havia cds nas grandes superfícies e eu me entretinha a olhar prás capas e de vez em quando a ouvir os que me chamavam a atenção - hoje em dia, como já não há cds, enterro-me nas revistas de moda/cuscuvilhices...grande progresso, hã? 
Anyway, duas das que me ficaram na memória também, foram a do Tubular Bells do Mike Oldfield e a do Get Ready dos New Order.





Once, he was stopped by Dutch customs who thought his pictures were photographs. "Where on earth did they think I could have photographed my subjects?" he asked, incredulous. "In Hell, perhaps?"




No fim de semana passado tive um 2em1 excepcional : a exposição dos Archigram no Centro Cultural Vila Flor (conteúdo excelente, ou não fossem eles Amazing - montagem da exposição um bocado fraca, o Cushicle a tapar os painéis que explicam o próprio projecto, assim como também acontecia na maquete/desenhos do Living Pod, a iluminação do piso superior desastrosa) e mais tarde o Prometheus. Admiro muitíssimo o trabalho dos Archigram, o mesmo não posso dizer de filmes de ficção científica e este não foi excepção. Estava mais à espera de poder ver o que é que o Giger andou a fazer desta vez. Um gajo que, como os Archigram, explora os conceitos de máquina/natureza/homem e as suas ligações, embora de maneiras muito distintas. Não sou particularmente fã da estética do Giger no entanto não consigo deixar de me sentir abismada com o que o gajo faz, e sinto sempre, como da primeira vez que vi algo dele, que estou perante algo verdadeiramente original e com significado. Assim como se sentiu o Riddley Scott, que pelos vistos disse que nunca teve tanta certeza de uma coisa na vida (referindo-se ao facto de trabalhar com o Giger no Alien), apesar do produtor ter dito que o gajo devia ser completamente doente da cabeça. 





5.10.12

Strangeways, here I come! Parte XVIIYX

Pablo Picasso Gato a devorar um pássaro (1939)

No meu sonho estava numa cidade qualquer. Cruzo-me com um caixote de lixo transparente e noto que está cheio de gatinhos. Penso que estão mortos mas olho melhor e ainda se mexem, tiro-os de lá e noto que têm todos coleira. Eles ainda vêm atrás de mim mas enxoto-os porque estava atrasada para o exame da ordem. Encontro-me com a minha mãe no cais e apanhamos o ferry para ir para o outro lado do rio?lago?...entretanto quando o ferry começa a andar um puto com um t-shirt amarela demasiado grande para ele (é o segundo sonho em que tenho certeza absoluta de que havia cor) e mete-se na frente  do barco, de costas viradas pra ele e braços abertos. O ferry passa-lhe por cima. E, apesar de ser um barco grande, sentimos que ele passou por cima de alguma coisa. Pensei que fossem parar o barco mas não. Estamos na entrada da sala de exames, lembro-me que não estudei nada. Algumas pessoas perguntam-me pela calculadora. Não trouxe. Respondo que faço as contas com o telemóvel. Perguntam-me como é que espero conseguir resolver exponenciais com o telemóvel. Entro na sala, esqueci-me da folha com a assinatura da gaja da ordem. Sento-me, toda a gente tira uma espécie de compêndio de banda desenhada e a coordenadora do exame começa a pedir um a um para falar de uma edição desse compêndio. Chego cá fora e encontro a Lolita.

3.9.12

Jesus died for somebody's sins but not mine.


Já o tinha na prateleira há quase um ano, foi presente de aniversário. Just Kids, Apenhas Miúdos, a história da Patti Smith e do Robert Mapplethorpe, narrada por ela, desde que se conheceram no final dos anos 60, até à morte dele no final dos anos 80. E, apesar de contar os factos de uma forma um bocado superficial e idílica - já tinha lido algumas coisas, nomeadamente a propósito do caso dela com o Sam Shepard e não foi tudo um mar de rosas como ela deixa transparecer no livro -, é uma história lindíssima, principalmente no princípio. Por ser Nova Iorque nos 70s. Como já me tinha apercebido no Naked City, a cidade era suja e perigosa, os artistas não tinham onde cair mortos, passavam fome e criavam com o que lhes vinha à mão. Essa realidade, mais do que as tretas da paz e amor, essa crença em que estão a criar algo de maior, passarem muitas dificuldades mas conseguirem prevalecer e consolidar uma obra que hoje em dia encontrou, tanto no caso dela como no dele, e no de tantos outros que lhes foram contemporâneos, um lugar de relevo na história da cultura artística popular ocidental faz-me sentir ridícula por já ter quase 26 anos e não ter feito grande coisa, por me sentir restringida por não ter uma máquina melhor, ou por demorar um ano a acabar um texto, um desenho. Preciso de sair daqui.


16.8.12

you can only go so far in your mind...

Vinheta de Daytripper de Fábio Moon e Gabriel Ba.


...ou como acabar de ler um livro belíssimo na pior altura possível.

24.7.12

girl, you have no faith in medicine

x-ray art by Nick Veasey

Caí numas escadas rolantes a tentar subi-las ao contrário. Lixei o joelho. Passado um mês ainda me doía quando me agachava. Fui ao ortopedista. Mandou-me fazer uma ressonância - nunca tinha feito, parece que uma pessoa está numa festa de techno -, e um raio x. Voltei para mostrar os exames: "-Ah, é só um traumatismo que demora algum tempo a passar, mas está tudo bem...mas já agora vais fazer fisioterapia e pelo que estou aqui a ver tens as rótulas um bocado deslocadas o que em si não representa grande problema mas vais fazer um tac para depois vermos se fazes umas injecções de não sei quê no joelho que custam praí 400 euros. Mas está tudo bem! Ora deita-te aqui para te fazer uma cena na perna que te vai doer de caralho e que tu não vais perceber muito bem porque é que o fiz. Tem um bom dia, são 70 euros!"

30.5.12




Por vezes tenho a impressão que sou daquelas pessoas que vivia bem se só ouvisse música clássica. Tava bem lixada.

8.5.12

Every fuckin' time.


Posso não acompanhar a série x, posso até gostar da série x mas não o suficiente para a acompanhar, só vi praí uns 10 episódios dos mais de muitos que ela já tem...mas de todas as vezes que ligo a televisão enquanto almoço/lancho/etc. está a dar um episódio que já vi.

28.4.12

Strangeways, here I come! uma parte qualquer



No meu sonho estava em Afife, saltei o muro de uma casa que já tinha andado a explorar quando era catraia - tinha muito a mania de coscuvilhar as casas em construção. A casa já estava pronta, era enorme e dizia-se que tinha sido construída por um gajo japonês, vocalista de uma banda qualquer que tinha tido um hit e feito rios de dinheiro. Entrei numa sala e estava lá o tal gajo japonês, começamos a conversar e entretanto entram dois bebés, ele muda-lhe as fralda e manda-os pra cama. Ele dá-me um beijo, comemo-nos um bocado, despimo-nos mas ele faz questão de continuar no piso de baixo, onde há uma espécie de estúdio e estão duas dúzias de pessoas a gravar e a tocar. E estamos ali nós, encostados a uma janela, em frente a toda a gente, puro exibicionismo, quando ele diz que não se consegue vir, larga-me e vai-se deitar num sofá ao lado duns gajos que lá estavam. Eu caguei, subi as escadas, vesti-me, e ia-me embora quando aparecem dois gatos gigantes japoneses cheios de dentes e de unhas e me atacam à cara podre.

7.2.12

Miss America


Desde que a conheci que admiro a música dela, a postura política dela, a irreverência e ironia, a maneira como conjuga várias influências de "música popular" - o dance hall, o funk carioca, o kuduro.

Agora é casada com o filho do CEO da Warner e actua na Superbowl com a Madonna. Um artista tem que fazer pela vida, right?