12.2.10

hail to Lúcio Costa!

"É livre a arte; livres são os artistas; a receptividade deles é, porém, tão grande quanto a própria liberdade : apenas estoura, distante, um petardo de festim, e logo se arrepiam, tontos de emoção. Esta dupla verdade esclarece muita coisa. Assim, todas as vezes que uma grande ideia acorda um povo, ou melhor ainda, parte de humanidade - senão propriamente a humanidade toda -, os artistas, independentemente de qualquer coação, inconscientemente quase, e precisamente porque são artistas, captam essa vibração colectiva e a condensam naquilo que se convencionou chamar obra de arte, seja esta de que espécie for. São antenas, embora nem sempre sejam as melhores, os que de melhor técnica dispõem. (...) As 'revoluções' - com os seus desatinos - são, apenas, o meio de vencer a encosta, levando-nos de um plano já árido a outro, ainda fértil. Conquanto esse facto de vencê-la em luta possa constituir àqueles espíritos irrequietos e turbulentos, que evocam a si a pitoresca condição de 'revolucionários de nascença', o maior - quiçá mesmo o único - prazer, a nós outros, espíritos normais, aos quais o rumoroso sabor da aventura não satisfaz, interessa exclusivamente como meio de alcançar outro equilíbrio, conforme a nova realidade que, inelutável, se impõe."


(COSTA, Lúcio, Razões da nova arquitetura, Revista da Diretoria de Engenharia da PDF, Rio de Janeiro, nº1, Janeiro de 1936)

0 comentários: