(fotograma de Sangue do meu sangue, João Canijo, 2011)
(fotograma de Oslo, 31. august, Joachim Trier, 2011)
Acabei ontem de ver o Sangue do meu sangue. Demorei três dias, até que não foi mau. Vi-o a conselho de um amigo que elogiou o argumento e os diálogos bem escritos - ou não fosse ele próprio argumentista. E cada vez mais me convenço que a minha embirração com o cinema português tem algum fundamento. O último grande filme português que vi foi o Alice - se calhar porque não tinha grandes diálogos. Em Sangue do meu sangue safam-se a Rita Blanco, a Anabela Moreira e o Nuno Lopes. O resto parece diálogo teatral forçado - do "Dr. Beto" nem se fala-, estereótipos exagerados - Tony Carreira, futebol, telenovelas, Pingo Doce, os gajos do hip hop. Nunca se chega a acreditar realmente que aquela gente é do Bairro Padre Cruz ou que a trama poderia ser lá passada. Nisso tenho de elogiar os brasileiros ou os ingleses - quando fazem um filme ambientado na favela, bairros suburbanos etc. não duvido da sua veracidade, embora seja uma realidade que só me chega pelos media ou relatos indirectos. E a trama. Estava tudo bem até o João Canijo resolver mostrar que leu os Maias ou que vê novelas mexicanas. É que nem o Nuno Lopes - a mais credível de todas as personagens - escapa a essa coisa do enredo novelesco no final. E e penúltima cena é mesmo a que se safa. Uma coisa fortíssima que tem uma única falha : a Ivete cantar uma música em inglês quase perfeito.
Em contraste, o Oslo 31 de agosto. Uma coisa super refinada formalmente - as intenções são outras, claro. Diálogos e interpretações impecáveis - tendo em conta o que se poderá perder com o facto de não ser uma língua "familiar"..., até o jogo do focado/desfocado que noutra altura qualquer acharia exagerado me caiu bem. Não é um filme que veria uma segunda vez, mas não deixo de lhe tirar o chapéu.
6.11.12
5.11.12
madrid no me mata
(o antes e o depois, apanhado por aí na net)
Tinha ido a Madrid uma vez na vida, numa visita de estudo do secundário. Há coisa de 9 anos. Lembrava-me do Palácio Real, do Templo de Debod, da Casa de Campo e das putas de mamas de fora a atirarem-se aos carros. Do Guernica - bem mais estreito do que aparece nos livros. E lembrava-me de uma rua à qual fomos parar porque a Paula tinha ouvido dizer que era a rua fixe de Madrid. A Calle Fuencarral. Graffitis, putas e travecas em muitas portas às três da tarde, sex shops, lojas freaks, lixo. A definição de fixe quando se tem 17 anos. E um centro comercial decrépito onde ficamos umas horas nuns sofás a cheirar poppers.
Agora é uma rua em grande parte pedonal, onde não se pode andar a nenhuma hora do dia com o magote de gente que lá anda, Calzedonias, Pepe Jeans e Replays por todo o lado. Sem putas, nem graffitis, nem lojas freaks. Pensava que esta higienização consumista das cidades já tinha passado de moda.
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