crónicas sul americanas. parte VII : la paz [bolívia]

a vida: modo de usar - fazer 71km de down hill numa coisa chamada 'ruta de la muerte', descendo desde os 5000 metros de altitude até perto dos 1200.

...e encontramos o bruno aleixo...

somos um pouco imponderados. é uma característica intrínseca à maior parte dos jovens, e gosto de acreditar que com a idade iremos pensar melhor antes de fazer as coisas.mas também qual seria a piada se assim nao fosse...?a piada de um serao em que nos apercebemos que estávamos na bolívia, e que no dia seguinte haveria um referendo sobre a nova constituicao boliviana (uma coisa assim meio pró comunista, se ganhasse o 'sim' o proletariado sairia beneficiado, se ganhasse o 'nao' os ricos continuariam com certos privilégios)...em principio se ganhasse o 'sim' corria tudo bem.se ganhasse o 'nao' a coisa podia ficar preta.

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seis cabecas a fazer filmes:telefonariamos para a embaixada no dia seguinte.se houvesse molho vinham-nos buscar de helicoptero.ou talvez nos devessemos refugiar no monte até passar.ou ficar no hostel quietinhos no quarto(mas entretanto chegariam os guerrilheiros àvidos por turistas e era a chacina).ou tentar chegar à fronteira com o chile num carro que roubariamos no meio do caos de uma guerra civil.ou tentar chegar a fronteira a pé. ou disfarcarmo-nos de mulheres locais para passarmos despercebidos. até que a dado ponto os estados unidos interviriam, juntamente com a inglaterra e a rússia e bombardeavam isto tudo e lá ia a boliva e o evo morales com o caracas.

-ganhou o 'sim'. nao houve problema nenhum.

©mariana lopes 2009

crónicas sul americanas. parte VI : potosi [bolívia]

e lembramo-nos de nos enfiar pelo chao adentro numa mina que dizer que tem condicoes precárias é um grandessissimo eufemismo...onde os trabalhadores passam em media 8 a 10 horas debaixo do chao sem comer, com um obcesso na bochecha que depois se percebeu que era uma grande bola de folhas de coca.25 gramas por dia.para nao ter fome e para trabalhar melhor.e tabaco negro.e sumo.e ainda nao percebo como autorizam visitas de turistas.gostava eu é de saber quantos é que já foram po galheiro lá no buraco a que eles chamam mina....

©mariana lopes 2009

e nao, nao estou na praia a beber caipirinhas. estou a 4090 metros de altitude. faz frio.muito.ontem nevou no monte aqui ao lado.é a estaçao das chuvas na bolivia, portanto todos os dias la pra meio da tarde há um dilúvio.tenho a cara queimada do sol e do frio, e a minha cabeça parece que vai explodir.

soluçoes inusitadamente práticas para problemas complexos

[lou reed]

facto (pelo menos pelo que percebi ate agora): os opiácios ainda nao foram introduzidos na américa do sul.

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sendo assim, a sua introduçao potenciaria (a meu ver), para além de um fonte de rendimento altíssima a quem tivesse essa brilhante ideia (e o capital para investir nela), uma drástica reduçao da violência nas cidades brasileiras:

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-o pessoal dá-lhe na coca e no crack, fica todo acelerado e anda prai aos tiros uns aos outros.

se ao invés de mandar um cheiros e fumar uns canecos lhe dessem pra veia, ficavam todos ressabiados em viagem num canto qualquer e nem forças tinham para pegar num revolverzito, quando mais dispará-lo...

porque posso estar actualizada*

deek media

*mesmo a 4090 metros de altitude

das alturas em que me rio para nao chorar

seria de desconfiar que a duraçao de uma viagem de 260km fosse de 11horas.

seria de desconfiar que a mesma viagem custasse cerca de 5 euros.

acabamos num autocarro cheio de bolivianos, com mais três estrangeiros. todos confinados aos bancos nao-reclinaveis do fim do autocarro (ainda assim, acredito que pode ter havido uma coincidência...).demoramos 11 horas porque a estrada era de terra batida.a trovejar.no radio passava um chiringuito boliviano qualquer.olhava pela janela e só via um caminho de cabras a.k.a. estrada.e desfiladeiros.e pouco mais porque a luz era escassa.ainda bem.acredito que o panorama geral de dia tivesse sido a origem de um tremendo ataque cardiaco.

para melhorar a coisa, o meu corpo escolhe esta precisa altura para me lembrar que sou mulher.

e ainda por cima, nós como somos pessoas muito bem informadas, só descobrimos há dois dias que no domingo (altura em que estaremos em la paz) há um referendo para aprovar uma nova constituiçao boliviana.

crónicas sul americanas. parte IV : la quiaca [argentina] / villazón [bolivia]

©mariana lopes 2009

crónicas sul americanas. parte IV : salta/cafayate [argentina]

©mariana lopes 2009

crónicas sul americanas. parte III : resistência [argentina]

crónicas sul americanas. parte II : assunción [paraguay]

crónicas sul americanas. parte I : foz do iguaçu [brasil]

'-pa..não percebo qual é o interesse desta merda.é só água água água água água água água'

©mariana lopes 2009

e agora pras despedidas

where's the scatman....i'm the scatman...

resumindo e (finalmente) concluindo

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Ele leva-me pela mão.

-Onde estamos?

-No labirinto.

-Para onde me levas?

-Para onde não tencionavas ir.

the earth is not a cold dead place.

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...é cheia de polaroids de invernos quentes.
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até daqui a uns (pouquinhos...pouquinhos..)meses.

e em março...