30.12.10

let's talk about sex.

Sempre admirei muito as manas Casady. Quer por serem um duo que à partida nada tem em comum (a Bianca e os seus hip-hops e a Sierra e o seu canto líríco), quer por serem as primeiras gajas que vi a misturarem instrumentos (alguns bem inusitados) e 'estilos' musicais com uma promiscuidade que facilmente poderia dar em merda, mas que elas fizeram resultar muito bem.
Embora tenha gostado muito dos dois primeiros álbuns, estes dois últimos não me caíram no goto, e, desde que botei olho na capa do Grey Oceans considerei-as um caso perdido e voltei ao meu indie-rock.

Isto tudo para falar de duas versões que as manas fizeram de duas músicas chungosas: a Turn Me On do Kevin Lyttle e a I Wanna Fuck You do Akon (feat. a ratazana do Snoop Doog).




A Turn Me On, que antes era uma coisa reggeatoneira,(?) virou completamente lânguida fazendo juz ao título e à letra. Na I Wanna Fuck You, fizeram uma coisa mais interessante e mudaram a letra e o sentido da música. Passou a ser a outra face que não é apresentada no original. O original é uma badalhoquice sem nível que fala de um gajo que quer comer uma gaja. A versão das Cocorosie (You Wanna Fuck Me)  é o ponto de vista da gaja, que afinal é uma coitadinha violada pelo irmão e que agora é uma stripper com a alma desfeita.

Transcrevo apenas o refrão pra se ficar a perceber a coisa..., quem tiver curiosidade que pesquise, mas tenha em atenção que o computador correrá o risco de se autodestruir quando abrirem a página da letra do Akon.




Akon :

I see you winding and grinding up on that pole,
I know you see me lookin' at you and you already know
I wanna fuck you, you already know
I wanna fuck you, you already know


Cocorosie : 

You see me trying to smile up on this pole
But I'm just hiding the pain that's deep in my soul
You wanna fuck me
I already know
You wanna fuck me and toss me back on the floor

21.12.10

Enid vs. Jim Cain

(fotograma de Ghost World de Terry Zwigoff, EUA/RU/Alemanha 2001)




I used to be darker, then I got lighter, then I got dark again.

19.12.10

Fuzzy

about Lomo
Mariana Lopes 2007


Here we are in our car driving down the street
We're looking for a place to stop have a bite to eat
We hunger for a bit of faith to replace the fear
We water like a dead bouquet does no good, does it dear?

12.12.10

há algo de podre no reino da Dinamarca?


Novo (?) anúncio televisivo do menu 'Happy Meal' do McDonald's:

Menino toca à campainha da menina. 
Menino convida menina para pescar. Menina recusa.
Menino vai embora.
Menino volta, toca à campainha e convida menina para jogar futebol. Menina recusa.
Menino convida menina para andar de skate. Menina recusa.
Menino aparece vestido de Zorro, convida menina...awmmm...para uma reunião fetichista? Menina recusa.

[a este ponto, percebemos que todas as brincadeiras para as quais o menino convida a menina são um quanto ou tanto 'masculinas']

Menino, desconsolado, entra na sala onde o pai se encontra a arranjar um candeeiro (Homens...!atentai neste exemplo e cumpram as tarefas domésticas destinadas a quem nasceu com penduricalho!). Pai diz qualquer coisa do género : '...são mulheres, tens de puxar pela imaginação'.

Menino leva menina ao McDonald's e partilham alegremente um Happy Meal (só 3 euros!).


9.12.10

Ser tolerante. 
Tentar compreender acima de tudo. Caso não seja possível, pelo menos aceitar as diferenças e a diversidade.
Lembro-me de até ter escrito uma coisa sobre o assunto...
Mas, não sei por que altura, resolvi que tentaria ser flexível em relação a QUASE tudo...: aspectos que envolvessem religião ou Igreja estariam para sempre banidos da minha 'zona de tolerância' (já que da zona da compreensão e aceitação já não faziam parte há algum tempo). Há apenas um pormenor a ter em atenção : sendo fundamentalmente contra a religião (sim, é uma questão de princípios, por isso nem os monges budistas se safam, por muito que não seja uma religião, seja um estilo de vida blá, blá, blá) não sou contra a fé. 
O questionamento da religião levou-me depois ao próprio questionamento da existência humana. Cheguei a uma conclusão. Sartre explica melhor que eu : "(...) e depois, de repente, os cenários desabam e acedemos a uma lucidez sem esperança. Então, se sabemos recusar o socorro enganador das religiões ou das filosofias da existência, temos algumas evidências essenciais : o mundo é um caos, uma 'divina equivalência que nasce da anarquia'; -não há amanhã visto que se morre." (introdução de O Estrangeiro, de Albert Camus)

Apesar de não ter chegado ainda a esta condição de 'estrangeira' sem esperança ou ambição, acredito que não há nenhuma razão transcendente para estarmos aqui. Somos seres-vivos, o facto de termos consciência, sermos racionais e dotados daquela coisa muito indefinida a que se convencionou chamar de 'alma' é pura coincidência. Não há uma missão. Não há nada para além do facto de que se nasce e se morre. O que se faz da vida é valorizado ou não segundo certos valores e convenções que ao longo dos milénios a nossa espécie foi construíndo. E, se virmos bem as coisas, todas as nossas conquistas (digo 'nossas' porque embora não tendo sido literalmente 'minhas' se reflectiram em mim de 'n' maneiras, e porque faço parte da humanidade), desde os gajos da roda até aos gajos do acelerador de partículas, todos os nossos contratempos, toda a nossa história foi feita por nós e reflete-se em nós. Não há mais nada além disso. O universo é indiferente. Pelo caminho fomos destruíndo umas espécies, acelerando umas alterações climáticas e tal, mas é uma espécie de redundância cíclica. Um dia, a acreditar no que é dito, o Sol expande-se, engole a Terra e acabou. Acabamos não no dia em que isto for tudo com o caraças, mas sim no dia em que a nossa 'memória 'se estinguir.  E como pelos vistos não vai sobrar nem um satélite pra amostra - e não acredito muito que os extraterrestres encontrem as Voyager e muito menos percebam o Chuck Berry - deve acabar tudo definitivamente. 

Agora, a minha angústia - e este texto foi todo para explicar uma coisa muito simples: deverei ser fiel às minhas posições, principalmente quando demoraram tantos anos a amadurecer e levarão outros tantos a consolidarem-se...acreditar que não há nada para além disto e viver exclusivamente de memórias que inevitavelmente se irão dissolver com o tempo...?, quando na verdade quero é acreditar que esta não foi a última vez que te vi...que um dia quando fôr a minha vez estarás lá, estará lá a 'alma' a 'energia' ou o caraças...porque, sinceramente, a este ponto do campeonato a 'memória' não chega para pagar o meu sossego.

8.12.10

the earth is not a cold dead place

2.12.10

baile de outono


Mariana Lopes 2010

It's not forever now, but still I don't see how.



Strike the circuits out, and count the papers down,
Wipe the dust up from the floor you know so well. 
Find the confidence it takes to leave this place,
Cock the trigger, check your head, and have your say. 
Stumble forward, take the bottle from the shelf,
Some silver harmony that makes its way back now. 
Find the confidence it takes to leave this place,
Cock the trigger, check your head, and have your say.

It's not forever now, but still you don't see how,
Everywhere we look we're out of bounds. 
It's not forever now, but still I'm finding out,
Every time we're up we're falling down.

same old story



É de uma ironia revoltante voltar ao Super Bock em Stock um ano depois, exactamente com as mesmas inquietações pessoais. E exactamente pelas mesmas razões, sem tirar nem pôr, apenas com personagens diferentes.  Como dizia o outro, o amor é fodido. Ou então a minha vida virou um erro de redundância e eu nem reparei.


1.12.10

we ♥ lists.

Ao que parece os senhores da Mojo, da Rough Trade e da NME devem ter confundido a lista de presentes do Pai Natal com a lista de melhores discos do ano.

 John Grant - Queen of Denmark para a Mojo


Caribou - Swim para a Rough Trade

These New Puritans - Hidden para a NME