eu compreendo que o Foutainhead não é um filme de (sobre) arquitectura. a arquitectura aqui é um pretexto. um pretexto para contar a história de um homem fiel à sua visão. que trabalha numa pedreira por ser fiel à sua visão. que vê o seu nome arrastado na lama por ser fiel à sua visão. que é recompensado no fim (ahhh, estes finais compensadores têm o seu quê de 'fake') por ser fiel à sua visão. isto passando ao de leve por tudo o que o argumento e a sua materialização representam. mas eu sou um projecto de arquitecta, logo a parte da arquitectura, (mesmo tendo a consciência de ser um pretexto), não me é indiferente.
porque Howard Roark representa em parte o que abomino na classe arquitectónica. o autismo, o egocentrismo, o snobismo, o desdém para com a opinião de outrém, no fim de contas : a masturbação arquitectónica. porque antes de tudo, na minha opinião, a disciplina arquitectónica é iminentemente social. ponto. a ver bem, (e a menos que eu esteja a precisar de óculos) vivemos rodeados de arquitectura e o arquitecto terá de ter a humildade e o bom senso suficiente de perceber que sim, é preciso ouvir. ouvir as pessoas, ouvir os fluxos que determiam a execução do seu projecto num determinado tempo, para uma determinada sociedade. estou com isto a dizer que não se deve pensar no futuro? nem por sombras (até porque fazer um projecto hoje tem implícito um determinado futuro). digo apenas que olhar para o umbigo é comparável às palas dos burros.
sim...depois ele faz o discurso do tribunal onde explica essa coisa da masturbação...que os grandes génios e inventores antes de pensarem nos outros faziam as coisas por eles mesmos. ok. que façam por eles mesmos. mas que não se esqueçam dos outros. não em Arquitectura.
...senão daqui a pouco as nossas casas, as nossas cidades não serão mais que esporra ressequida de alguns desses chamados 'génios'.
(...)
mas voltando ao boy meets girl (ou vice-versa)
é-me natural não pensar muito nas coisas até que chega o último minuto. e é no último minuto que tenho um momentozinho de pãnico. porque vou embora. porque apesar de não ir já embora, esta tarde se desenha como uma despedida. de todas as tardes que não houveram. e de todas as cervejas que ficaram por beber (ou que agora o medo não nos deixa beber não é?).
entrei nisto levianamente . não me leves a mal. a maior parte das vezes não meço as consequências do que faço. faz parte. como ficar corada... mas no fim de contas we'll always have Paris.
.
e agora prá despedida...tás a ver o post da menina limão?...não tem nada a ver...ou se calhar foi por causa dele que surgiu isto tudo.
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