Na altura lia uma coisa chamada ‘Idéia do Brasil : a Arquitetura Imperfeita' (um livro que nada tem a ver com aquela coisa dos projectos e edifícios e afins; e é mesmo assim, ‘Idéia’ leva acento porque os brasileiros escrevem como falam…), onde Kujawski escrevia sobre a questão da identidade nacional brasileira (ou a falta dela) enquanto comparava a formação do Brasil enquanto país e nação independente com um outro país ‘novo’ também sujeito à colonização europeia : os E.U.A.
Defendia que, o facto de os Estados Unidos serem constituídos por colónias/estados que primeiramente foram independentes (cada qual com a sua identidade e governo) e que posteriormente decidiram unir-se de modo a formar um único país/nação (com algumas desavenças pelo meio mas isso aqui não interessa…) teria ajudado à sua própria definição de unidade nacional : de indivíduos pertencentes a um estado que pode regular as suas próprias leis e possui a sua própria identidade cultural, a indivíduos pertencentes também a uma ideia, uma nação, um Estado que aglutinaria todas essas pequenas partes e as faria pertencentes a uma ‘entidade’ maior.
Coisa que no Brasil não aconteceu, porque desde o princípio foi sempre ‘um todo’, subordinado ao poder de Lisboa e posteriormente ao poder do Rio de Janeiro e de Brasília.
Mas o caso do Brasil ficará de parte por enquanto. O caso do Estados Unidos é mais interessante no sentido em que se torna uma espécie de concretização (com uma pequena grande distorção de escala) de umas ideias que Piet Cornelis Mondrian pôs no papel mais de um século depois: concretamente no texto ‘A Casa – A Rua – A Cidade’, de 1926.
Nele, Mondrian defende a necessidade de individualismo do homem enquanto este ‘busca o universal e o desenvolve em si’. ‘ O colectivismo, em sentido amplo, é para o futuro’, afirma, escrevendo ainda que das massas não se deve, actualmente, esperar nada. O texto depois descamba num lirismo fantasioso e utópico e na enumeração das ‘leis’ da estética neoplasticista...o que importa reter é esta ideia de uma espécie de colectividade consciente que só será alcançável através de um profundo conhecimento individual. E é aqui que entram as colónias norte-americanas. Porque foi através da consciência dessa individualidade inicial que posteriormente se transformaram no colectivo fortíssimo que são hoje. E é por isso que não me chateia nem um pouco o tipo de crítica que é feita hoje ao individualismo. Eu sou meio optimista. Acredito que é só parte de um processo. Como aconteceu com os E.U.A.
3 comentários:
No nosso novo e vigente acordo ortográfico "ideia" não tem mais acento... nem "Coreia", nem...
Coreia tinha acento????ahahhahaha
eu ainda não estou bem a par dessa coisa do acordo. pra mim arquitecto ainda se escreve com 'c'...:D
Esse ano no Brasil não te serviu de nada, você precisa aprender português...
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