30.6.10

há faltas de respeito e faltas de respeito



Se tens o direito de ignorar/desrespeitar as pessoas que já não servem os teus 'interesses'...?Claro que tens. You're human after all.

29.6.10

the similarities of our hells*



porque ainda outro dia pensei exactamente nesta música.


*frase gamada ao vontade indómita.

Vincent van Gogrrrrr


Hoje, durante a primeira sessão de Arquitectura e Cinema, o professor Dietrich Neumann estava falar de uma coisa muito interessante cuja existência eu desconhecia completamente (os 'Panoramas'... sobre os quais publicarei qualquer coisa um dia destes)e   mencionou o Vincent van Gogh. Reparei que ele pronunciou o 'Gogh' como deve ser pronunciado em 'holandês', ou seja, o 'gh' lê-se com uma espécie de 'grrrr', grunhido, whatever, e não como o 'gue' habitual. E entretanto lembrei-me de uma cena do Annie Hall, em que um Woody Allen muito aborrecido critica a Annie por ser uma snob espertalhona que pronuncia 'van Gogrr'. Não é a cena que postei aqui, embora esta do McLuhan também seja um mimo.

28.6.10

mojo nojo


Ontem pela primeira vez sonhei contigo. Deve ser da pressão das últimas conversas com uma certa menina que acha que te devo um ponto final (um pedido de desculpa, entenda-se). E se o facto de te ter apagado da minha vida depois daqueles dois anos em que vivemos juntos - não me entendas mal, acredita que fui bastante feliz - pareça absurdo a todos menos a mim é uma coisa que deixarei para resolver em sessões de apoio psicológico daqui a uns anos .

Mas não consigo deixar de pensar que me rogaste uma praga qualquer cuja consequência foram estes três anos de inquietudes sentimentais/existenciais. Então vá, desculpa ter sido uma cabra insensível e desfaz a porcaria do mojo. 


(a imagem é a 'Voodoo Girl' personagem do incrível 'The Melancholy Death of Oyster Boy' do Tim Burton. Favor ler a versão original que da tradução só a capa é que é bonita.)


ordem do dia





'As dores da precariedade emocional' e 'Placebo para inquietações sentimentais'. Que se traduzidos para inglês até dariam excelentes nomes de bandas.

a história da minha vida



'The trouble is that you're in love with someone else'

Receita para relativização:
'Mas uma pessoa habitua-se. Depois do dia em que, a 7000 e picos kilómetros de distância me gelaram as mãos ao computador, tive que aguentar o ataque de pânico durante todas aquelas favelas e pãntanos mal-cheirosos até chegar ao Flamengo e ficar três dias na cama a ver séries e sem comer, esta inquietação actual até parece para meninos.'   

Modo de utilização:
'Repetir isto três vezes todas as manhãs até ficar convencida.'

27.6.10

When I have a bottle in front of me I get a frontal lobotomy




O facto é que, em média, esqueço-me de cerca de 75% daquilo que me dizem quando estou com os copos. A consequência é ter noção de que por vezes falo de coisas importantes e não me lembro.

'foi só mais uma queca'



aieee que redutor ó criança...when I'm with you I have fun...;)

22.6.10

strangerways, here I come! parte



No meu sonho eu tinha uma pila. Começo a pensar que tenho mas é inveja.

19.6.10

a história da minha vida





no dia desejo, no dia seguinte bocejo.

we don't give a fuck about nothing and we only want what we are not allowed.





It was just one of those things
Just one of those crazy flings
One of those bells that now and then rings
Just one of those things

It was just one of those nights
Just one of those fabulous flights
A trip to the moon on gossamer wings
Just one of those things

If we'd thought a bit about the end of it
When we started painting the town
We'd have been aware that our love affair
Was too hot not to cool down

So good-bye, dear, and amen
Here's hoping we meet now and then
It was great fun
But it was just one of those things

16.6.10

pop surrealism

A propósito de uma conversa sobre pintura mainstream - ou como considero o meu conhecimento limitado a alguns pintores/correntes artísticas mais conhecidos/as (como diria uma amiga minha 'a pintura não é muito a minha cena...') - lembrei-me de uma coisa que me fascinou há uns tempos que dá pelo nome de Lowbrow ou Pop Surrealism.  

(Camille Rose Garcia)

(Mark Ryden)



(Ray Caesar)

 (Colette Calascione)

(Alex Gross)

(Scott Musgrove)

15.6.10

mundos de fantasia sem controlo

os abismos têm razões desconhecidas.

Às 4:48
quando a sanidade me visitar
vou estar uma hora e doze minutos consciente.
Quando passar estarei longe outra vez, 
uma marioneta fragmentada, um parvo grotesco.
Agora estou aqui e vejo-me
mas quando sou seduzida por ilusões vis de felicidade, 
a magia falsa deste engenho de feitiçaria, não consigo tocar no meu eu essencial.


(No meio da confusão cerebral abri  Sarah Kane ao acaso. Saiu isto. Não era bem o que eu estava à procura mas serve igualmente.)

14.6.10

But I'm still found of you...oh oh oh



É um facto, mas...what difference does it make?


Outro dos meus affairs de adolescente meteu-me uma vez este livro nas mãos. Não fazia a mínima ideia quem era o MEC, mas na altura li e adorei. Desde ai nunca mais acompanhei o que o senhor escreveu, tirando as crónicas diárias no Público (que desisti de ler...perdoem-me mas aquilo é caca).


 Há uns tempos comentei com outro affair (ou lá o que foi que a gente teve) que gostaria de arranjar o livro e lê-lo agora, e ver se ainda o acharia tão inteligente e bem escrito quanto achei na altura. Ele lá desencantou o livro num alfarrabista, mas devido a circunstâncias do diabo nunca o cheguei a ir buscar. Ainda bem. Na sexta-feira encontrei-o por 2 euros no Emaus. Yeah!

quando me rendi ao Jim Jarmusch

Já aqui tinha mencionado coincidências, títulos, referências, auto-referências e ainda mais auto-referências, janelas,  e mais umas coisas. Poderia agora falar das referências musicais ou dos 'actores fetiche', mas isso são coisas que uma pessoa poderá encontrar facilmente na secção de 'trivia' do IMDB (assim como grande parte das auto-referências, como depois reparei, mas teve mais piada descobri-las sozinha).
Falarei antes de certos temas 'tranversais' a toda a filmografia de Jim Jarmusch.

Como por exemplo o facto de ele ter quase sempre sequências em que os personagens caminham num passeio qualquer :


(fotograma de Permanent Vacation de Jim Jarmusch, EUA 1980)


(fotograma de Stranger Than Paradise de Jim Jarmusch, EUA/Alemanha Ocidental 1984)

 (fotograma de Mystery Train de Jim Jarmusch, EUA/Japão 1989)

 (fotograma de Ghost Dog : The Way of The Samurai de Jim Jarmusch, França/Alemanha/EUA/Japão 1999)

Esta questão do ir filmando os personagens paralelamente ao passeio é particularmente interessante no Mystery Train : a câmara encontra-se fixa, os personagens entram e cena e a câmara começa a mover-se acompanhando-os pelo passeio. De repente a câmara pára e fixa outra vez até os personagens saírem de cena e acaba o plano...um mimo...(não encontrei no Tube, a ver se um dia tenho pachorra e corto isso...)

...ou da questão do 'mistério' como no Mystery Train, Broken Flowers ou The Limits of Control, ou da questão da viagem que se encontra em quase todos os filmes e na maior parte das vezes relacionada com comboios :

 (fotograma de Mystery Train de Jim Jarmusch, EUA/Japão 1989)

  (fotograma de Dead Man de Jim Jarmusch, EUA/Alemanha/Japão 1995)

  (fotograma de Broken Flowers de Jim Jarmusch, EUA/França 2005)

...no Broken Flowers, embora seja também explorado o tema da viagem ela é sempre feita por avião ou por carro, no entanto, é constante a presença de imagens de comboios ou simplesmente o som de um deles.

 (fotograma de The Limits of Control  de Jim Jarmusch, 2009)


...e deixando um pouco os temas de lado, só mais umas auto-referências...

(fotograma de Dead Man de Jim Jarmusch, EUA/Alemanha/Japão 1995)

   (fotograma de Ghost Dog : The Way of The Samurai de Jim Jarmusch, França/Alemanha/EUA/Japão 1999)


(fotograma de Stranger Than Paradise de Jim Jarmusch, EUA/Alemanha Ocidental 1984)

(fotograma de Dead Man de Jim Jarmusch, EUA/Alemanha/Japão 1995)

 
...e pra terminar bonitinho fica um fotograma da Paz de la Huerta no Limits of Control. Mas que raio de mania que as gajas têm de encher os lábios de silicone. Ficam sempre deformados.


13.6.10

hail to coincidence!

(fotograma de 'The Limits of Control' de Jim Jarmusch EUA/Japão 2009)

Noutro dia estava a ver os Limites do Controlo quando reparei numa coincidência do outro mundo (e mais além). Em determinada parte do filme o protagonista visita algumas vezes o Museu Rainha Sofia, em Madrid, e olha enigmaticamente durante cinco ou seis segundos para algumas obras que lá se encontram expostas, nomeadamente El Violin de Juan Gris, Madrid Desde Capitán Haya de Antonio López, Gran Sábana de Antoni Tapies e Desnudo de  Roberto Fernández Balbuena.

Desnudo, cuja cópia trouxe da loja do Museu Rainha Sofia em Madrid há coisa de 7 anos e que habita desde aí no meu quarto na casa dos meus pais. :)))

Don't you want to know how we keep starting fires?









Deveria ser mais assim. Mas como sempre cedo facilmente aos prazeres da carne...assim como o pladur da tua casa cedeu pela segunda vez ao impacto do sexo selvagem.
Devias vir antes pra minha casa. Ao menos aqui só estragas o dedo do pé e os meus braços.

8.6.10

música e cinema #1

Mystery Train é um filme de 1989 escrito e realizado por  Jim Jarmusch. A acção decorre em Memphis, Tennessee.


Mystery Train é uma música escrita por Junior Parker e Sam Phillips gravada em 1953 no Memphis Recording Service e Sun Records no número 706 da Union Avenue, em Memphis, Tennessee.

 fotograma do filme ' A Woman Under the Influence' de John Cassavetes, EUA 1974

 'All of a Sudden I Miss Everyone' é o quinto  álbum da banda americana de post-rock Explosions in the Sky, lançado em Fevereiro de 2007.

axas???




1.6.10

Quintas de leitura revisitadas


A primeira (e única e espero que também última) experiência naquilo a que chamam 'Quintas de Leitura' revelou-se desanimadora. E depois vens tu num pillowtalk que mais pareceu um monólogo defender que era um espaço em que artistas e escritores poderiam dar largas à sua subversividade. Que lá se passavam coisas do outro mundo e mais além. Bem, segundo o que fiquei a perceber os poetas e afins têm a sua casinha burguesa com a sua esposa burguesa e os seus filhos burgueses e o seu carro burguês, perfeitamente fitter, happier, more productive, comfortable, not drinking too much, regular exercise at the gym etc.etc. e depois vão mijar pró palco do Campo Alegre. Fuck that! Subversividade é uma coisa que não se pratica num determinado momento para determinado público. 


Agora fizeste-me lembrar do Lars von Trier e dos seus Idiotas. Idioterne ou Dogma #2: 'The Idiots' é um filme realizado em 1998 e editado sob o regulamento do Dogma 95, um manifesto artístico criado em 1995 por Lars e  Thomas Vinterberg com o objectivo de combater a supremacia industrial do cinema comercial.
Nos Idiotas, um grupo de pessoas de classe-média juntam-se sob o pretexto de procurar o seu idiota interior, (uma espécie de 'workshop de idiotice') que representa o caminho da felicidade num deprimente contexto burguês. O grupo vai-se aproveitando sucessivamente da caridade e dos escrúpulos da sociedade, tornando moralmente aceitáveis comportamentos que, de outra forma, seriam considerados repugnantes. Trocando por miúdos, eles basicamente agem como se fossem doentes mentais.


No final, o objectivo seria continuarem com as suas vidas, mas a determinado altura conseguirem no seu ambiente de trabalho, familiar, etc. terem um momento em que se comportariam como idiotas sem pensar nas consequências. Escusado será dizer que nenhum deles teve coragem para se armar em deficiente à frente do patrão, à excepção de Karen, uma mulher que se juntou ao grupo por acidente que tinha sérios problemas pessoais.


Não sei se percebes onde eu quero chegar com esta pequena comparação...mas não interessa, volta lá prás tuas Quintas de Leitura, o 'workshop de subversividade' dos artistas portuenses.


(bububblegumgirlz)


'Acerca de Roderer narra o confronto vital e intelectual entre dois jovens de inteligência privilegiada. O primeiro usa essa inteligência de forma prática para se adaptar ao mundo, o segundo na busca de um conhecimento absoluto que lhe permita compreender o mundo, deslizando perigosamente até aos limites da loucura e do suicídio.'

(apresentação de Acerca de Roderer, de Guillermo Martínez, tradução de José Riço Direitinho, Sextante Editora, 2010)


Noutro dia um colega meu suicidou-se. Digo colega porque apesar de já o conhecer praí desde os 12 anos e termos partilhado a mesma escola durante alguns anos, nunca passamos do trocar de algumas palavras de circunstância, ou de partilhar algumas situações caricatas. Da última vez que me lembro de o ver (há cerca de 2/3 anos) tinhamos pegado no meu carro e juntamente com a Mariana fomos beber uma cerveja prá praia, de madrugada. Não gostava particularmente dele, nunca gostei, ele tinha uma espécie de predisposição para atiçar conflitos entre as pessoas, para além de ser um bocado parvo (onde escrevo 'parvo', alguns lerão 'anarca' ou 'subversivo', pra mim era simplesmente parvo).

Claro que todas a explicações serão duvidosas, só ele sabe porque o fez, mas pelo visto foi um crescendo de insatisfação quer consigo próprio quer com o estado das coisas que o rodeavam, nomeadamente a sociedade. Não é que não perceba que um certo questionamento existencial  possa levar à perda de um propósito maior para se continuar no mundo dos vivos, mas, embora a ideia do suicídio seja uma coisa romântica para certos adolescentes, nunca a consideraria como viável. Há 5 filhos e um pescador numa praia do nordeste do Brasil, há voluntariado no Quénia, há instituições mentais...não sei...há sempre um abismo de opções que nos separará do embater no chão depois de nos atirarmos de um 13 andar.