©Mariana Lopes 2009
o meu fascínio por cemitérios (e não é a primeira vez o que digo) está longe de ter qualquer conotação mórbida - tem muito mais a ver com questões arquitectónicas, sociológicas e antrolopógicas.
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mas claro, esse fascínio não é partilhado por quase ninguém que me conheça. por isso o meu espanto foi genuíno quando na nossa tarde-quase-despedida-que-iria-ser-perfeita vi o entusiasmo com que aceitas-te a proposta de ir ao cemitério.
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e gostaria de ver a tua cara, margarida, se nos visses feitos adolescentes ao beijos entre as campas, a roçarmo-nos contra os jazigos neoclássicos, a apalparmo-nos entre as tumbas egípcias (que algum gajo com pretenções faraónicas mandou construír).
se calhar irias lançar-me o ar reprovador e enojado que me lançaram mais tarde nesse dia. e eu iria olha para ti da mesma forma preplexa de quem não entende como as pessoas são incapazes de partilhar o meu fascínio por cemitérios.
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e eu só sei que ficar inibriada é bom. mas não demais. começo a dar importância a coisas que não a têm. e começo a condicionar mentalmente a minha vida em função de um delírio carnal qualquer.
mas, felizmente, a partida está iminente. e acordo comigo a dizer-me que tou parva. pois tou. quero lá saber de artistas que desaparecem e dos teus delírios de quase meia idade.
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o que eu quero é pôr-me a andar daqui pra fora. (mas ficaria, só por mais um momento, abraçada a ti enquanto olhamos aquele mar de mortos)
1 comentários:
é por isso que gosto de ti mary.
eu adoro cemitérios, já te tinha dito. e as fotos tão mesmo boas.
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