20.10.09

Tinha uma espécie de curiosidade. Porque simpatizo com o blogue, porque tudo o que me venha ajudar a perceber a minha própria relação com o Rio de Janeiro (nem que seja por experiências romanceadas ou fictícias de outras pessoas) é bem vindo. Porque acho piada aos 'filmes' preversos que certos estados tediosos suscitam. No fundo no fundo, tirando a escrita indisciplinada - que não surge como linguagem, mas sim como uma "dificuldade em manter a narrativa e ir fechando as pontas soltas a tempo" (que será o mais interessante do livro) - e algumas 'tiradas' com a sua piada ( não aquelas sexuais - 'descaramento íntimo'? toma lá um LOL) sobram o 'tédio burguês' e a 'neurose tropical'. Nunca o 'amor a uma cidade'. Quanto muito o amor a um bairro, uma zona, uma praia (claro, nunca seria sobre o tédio burguês se ela em vez do Leblon falasse do Flamengo, do Grajaú ou da Penha) - enfatizando o desconhecimento do resto da cidade quando ela descreve a sua volta do aeroporto para o Leblon, dizendo que fez 'toda a Linha Amarela' encontrando apenas ' um bocado de trânsito no Túnel Rebouças e nos sinais junto ao Jockey' [num outro capítulo e numa visita a S.Paulo ela escreve que 'estava perto do Museu de Arte Moderna, no meio da Paulista' - coisa meio imperdoável confundir o MAM com o MASP, mas isso sou eu por causa do cérebro de (quase) arquitecta, compreendo que pra outros não seja grande falha].
E depois há aquela falácia em que quase todos os não-brasileiros caem. Lá pela relação com o corpo ser um tanto diferente do resto do mundo, não quer dizer que os brasileiros não sejam 'pequenos' - estando a sua abertura mental mais ou menos ao nível da da Dona Felisberta, habitante número 12 (dos 13) de uma aldeia perdida no Marão. São das pessoas mais conservadoras, misóginas, machistas, tradicionalistas, não respeitadores da individualidade que conheci (há excepções, claro).
Acho que me fico pelo tédio burguês das novelas da Globo (e por mais uma semana, pela dita 'pequenez do portugueses').


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