"Entretanto, alguns fatores prejudicaram o desenvolvimento do Cinema Novo. O primeiro foi não ter conseguido desenvencilhar-se da velha tradição messiânica do intelectual nacionalista brasileiro que encara o povo como algo sem vontade própria e que deve ser conduzido até à sua salvação. O Cinema Novo também se colocou como dono da verdade, como aquele que tinha as melhores propostas para o país, porque fruto de um elaborado raciocínio intelectual, e as propostas mais sinceras, porque autenticamente populares e nacionalistas. O povo era apenas um elemento a ser moldado, ou como se dizia na época, consciencializado.
(...)Intelectuais 'bondosos' faziam filmes para o povo, a quem só restava aceitá-los, ou não. Se o grande público não gostasse dos filmes, o problema não estava na linguagem, nem na estrutura de produção, distribuição e exibição, mas na pouca conciencialização política e no ínfimo desenvolvimento cultural dos espectadores."
SIMONARD, Pedro, Origens do Cinema Novo : a cultura política dos anos 50 até 1964, in Revista Electrónica Achegas, número 9, Julho 2003
fotograma do filme O Dragão da Maldade Contra o Santo Guerreiro, Glauber Rocha, Brasil 1969
(não tendo em conta a maneira 'estranha' como está escrito o artigo - para não dizer outra coisa, que pela experiência que tive os brasileiros não são muito pródigos na escrita - acho que encontrei o meu paralelo entre o Cinema e Arquitectura.)
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